Em meio à pandemia da covid-19, a Azul teve prejuízo líquido de R$ 6,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período de 2019, a companhia aérea havia lucrado R$ 125,3 milhões. O resultado negativo se deu principalmente por causa da variação cambial e da queda do valor de mercado da empresa portuguesa TAP, na qual a Azul tem participação e que também sofreu com os efeitos da quarentena. Excluindo a variação cambial, o prejuízo foi de R$ 975,3 milhões.
Apesar de afirmar que tem caixa suficiente para suportar a baixa demanda por voos por mais um ano, a Azul aguarda uma linha de crédito do BNDES para atravessar a crise. Segundo o presidente da companhia aérea, John Rodgerson, o valor destinado pelo banco público para Azul, Latam e Gol deverá ficar em R$ 4 bilhões.
“Eles disseram R$ 4 bilhões de linha. Eu acho que esse vai ser o tamanho total a ser dividido pelas três. Ainda estamos trabalhando. Temos de entender a proposta”, disse o executivo nesta quinta-feira, 14, em conferência com jornalistas.
Inicialmente, o BNDES estudava conceder R$ 9 bilhões para as aéreas, mas o valor foi reduzido. Rodgerson, que contou que as contrapartidas do empréstimo deverão ser discutidas ainda nesta quinta-feira em videoconferência, disse também ter se decepcionado com o valor final da linha. “Qualquer dinheiro agora é bem-vindo. Claro que ajuda a gente a cruzar a borda (da crise). Mas estamos desapontados que não será maior”
Desde que a quarentena começou, a Azul, assim como outras empresas aéreas, reduziu drasticamente o número de voos, criou programa de licença não remunerada e diminuiu os salários e as jornadas de funcionários para cortar gastos. Do total de funcionários, 78% aderiram ao programa de licença não remunerada. Ainda assim, a companhia deverá queimar entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões de caixa por dia até o fim de junho.
Como espera uma demanda por voos em 2020 de 40% do nível pré-crise, a Azul deverá reduzir, no segundo trimestre, sua oferta em, no mínimo, 75% do que tinha no mesmo período de 2019.
Adiamento de entregas da Embraer
Dado o cenário de crise, a companhia aérea decidiu ainda renegociar com a Embraer a entrega de 59 aviões, que deveria receber entre 2020 e 2023. O pedido, que soma R$ 24,5 bilhões, deverá ser entregue apenas a partir de 2024.
Segundo Rodgerson, conversas para adiar a entrega de aviões negociados com a Airbus também estão em andamento.
Com a divulgação do resultado negativo do primeiro trimestre, a Azul registrava uma queda de 3,66% em suas ações às 14h desta quinta-feira.