Na contramão do sinal de Nova York em boa parte do dia e a despeito do avanço do dólar na sessão, o Ibovespa fechou a sessão desta quarta-feira, 15, em 109.600,14 pontos (+1,62%), saindo de mínima na sessão aos 107.266,63 pontos, vindo de abertura aos 107.848,81 pontos. O giro financeiro foi a R$ 46,8 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre o índice nesta quarta. Na semana, o índice da B3 vira para o positivo (+1,41%), mas ainda cedendo no ano (-0,12%) e em fevereiro (-3,38%). O índice testou, recuperou e se firmou em torno dos 110 mil pontos no meio da tarde, mas não conseguiu sustentar a marca no fim do dia, não vista em fechamento desde o último dia 2.
No melhor momento da tarde, a referência da B3, em dia de vencimento de opções sobre o índice, sustentava ganho acima de 2% na sessão, aos 110.209,69 pontos - desde 17 de janeiro o Ibovespa não obtém, em fechamento, alta diária de ao menos 2%. Já o dólar, encerrou a sessão cotado a R$ 5,2197, em alta de 0,41%. Com isso, a divisa passou a acumular suave baixa (-0,04%) na semana. Em fevereiro, a moeda americana apresenta valorização de 2,82%. O real, que costuma apanhar mais em episódios alta da moeda americana, hoje foi uma das divisas emergentes e de exportadores de commodities que menos perdeu ante o dólar.
A moeda brasileira ficou de fora da festa dos ativos domésticos nesta quarta, embalada pela promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de adiantar a divulgação do novo arcabouço fiscal de abril para março e pela bênção de três titãs locais da gestão de recursos - Luis Stuhlberger, Rogério Xavier e André Jakurski - à alteração das metas de inflação almejada pelo presidente Lula.
No meio da tarde, as ações de maior peso no índice se alinharam em sentido único, positivo, com as de Petrobras (ON +0,43%, PN +0,15%) se unindo às de Vale (ON +2,18%) e as de grandes bancos, com destaque para Bradesco (PN +3,93%) na sessão. Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+7,64%), à frente de MRV (+5,85%), Natura (+5,73%) e Via (+5,58%). No lado oposto, Magazine Luiza (-4,19%), Totvs (-4,16%) e Braskem (-0,68%).
Juros futuros
O dia foi de descompressão para os juros futuros, com a antecipação indicada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a divulgação do novo arcabouço fiscal, de abril para março.
“As falas do governo e do PT contra o BC se acalmaram, com efeito sobre a curva de juros e recuperação nas ações na B3, com alguma melhora de sinal também nos índices de ações em Nova York à tarde”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando o desempenho do setor financeiro, com Bradesco à frente, além de avanço em parte das empresas do setor de consumo nesta quarta-feira.
“Após queda na abertura, já às 10h30 o Ibovespa começava a se firmar em alta, puxado pelas ações de consumo, favorecidas pelo desempenho dos juros futuros”, diz Gabriel Matesco, especialista em renda variável da Blue3. O índice de consumo fechou o dia na B3 em alta de 2,69%, enquanto o de materiais básicos, que reúne ações de commodities, com exposição à demanda externa, subiu 1,55%.
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Descolado do desempenho do Ibovespa, o avanço do dólar hoje acompanhou o comportamento externo do câmbio, com fortalecimento da moeda americana ante a cesta de referência do DXY, em movimento impulsionado, na sessão, por dados fortes sobre o varejo e a indústria dos Estados Unidos. Os dados vêm em momento em que o mercado ainda monitora de perto a tendência para os juros na maior economia do mundo, que tendem a permanecer elevados por longo tempo ante a resiliência do nível de atividade.
Aqui, as declarações do ministro da Fazenda em evento do BTG Pactual hoje trouxeram sinais favoráveis para a política fiscal, afirma o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, em relatório. Para o analista, o compromisso de se apresentar até março a proposta de novo arcabouço deve aliviar os ruídos no cenário.
“Além de colaborar para dar previsibilidade ao gasto e ao resultado primário, o envio da proposta da nova regra fiscal ao Congresso colaborará para amainar as pressões sobre a política monetária. É fundamental que se avance na área fiscal para desanuviar os cenários e engatilhar eventual ciclo de afrouxamento monetário”, escreve Salto, em relatório, conforme relato do jornalista Cícero Cotrim, do Broadcast.
No mesmo evento do BTG Pactual, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira, 15, que um texto “radical” sobre o novo arcabouço fiscal que será proposto pelo governo não terá sucesso no plenário do Congresso. Na visão do deputado, a âncora que substituirá o teto de gastos - a regra atual que limita o crescimento das despesas à inflação - deve ser “razoável”, “equilibrada” e “moderada”, reporta Iander Porcella, do Broadcast em Brasília.