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Ibovespa sobe 1,62%, aos 109,6 mil pontos, apesar de dólar perto de R$ 5,22

Sinalização de Haddad sobre divulgação de novo arcabouço fiscal ajudou índice a fechar em alta

Por Luis Eduardo Leal e Antonio Perez

Na contramão do sinal de Nova York em boa parte do dia e a despeito do avanço do dólar na sessão, o Ibovespa fechou a sessão desta quarta-feira, 15, em 109.600,14 pontos (+1,62%), saindo de mínima na sessão aos 107.266,63 pontos, vindo de abertura aos 107.848,81 pontos. O giro financeiro foi a R$ 46,8 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre o índice nesta quarta. Na semana, o índice da B3 vira para o positivo (+1,41%), mas ainda cedendo no ano (-0,12%) e em fevereiro (-3,38%). O índice testou, recuperou e se firmou em torno dos 110 mil pontos no meio da tarde, mas não conseguiu sustentar a marca no fim do dia, não vista em fechamento desde o último dia 2.

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No melhor momento da tarde, a referência da B3, em dia de vencimento de opções sobre o índice, sustentava ganho acima de 2% na sessão, aos 110.209,69 pontos - desde 17 de janeiro o Ibovespa não obtém, em fechamento, alta diária de ao menos 2%. Já o dólar, encerrou a sessão cotado a R$ 5,2197, em alta de 0,41%. Com isso, a divisa passou a acumular suave baixa (-0,04%) na semana. Em fevereiro, a moeda americana apresenta valorização de 2,82%. O real, que costuma apanhar mais em episódios alta da moeda americana, hoje foi uma das divisas emergentes e de exportadores de commodities que menos perdeu ante o dólar.

A moeda brasileira ficou de fora da festa dos ativos domésticos nesta quarta, embalada pela promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de adiantar a divulgação do novo arcabouço fiscal de abril para março e pela bênção de três titãs locais da gestão de recursos - Luis Stuhlberger, Rogério Xavier e André Jakurski - à alteração das metas de inflação almejada pelo presidente Lula.

Nesta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu adiantar a divulgação do novo arcabouço fiscal de abril para março Foto: Adriano Machado/Reuters

No meio da tarde, as ações de maior peso no índice se alinharam em sentido único, positivo, com as de Petrobras (ON +0,43%, PN +0,15%) se unindo às de Vale (ON +2,18%) e as de grandes bancos, com destaque para Bradesco (PN +3,93%) na sessão. Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+7,64%), à frente de MRV (+5,85%), Natura (+5,73%) e Via (+5,58%). No lado oposto, Magazine Luiza (-4,19%), Totvs (-4,16%) e Braskem (-0,68%).

Juros futuros

O dia foi de descompressão para os juros futuros, com a antecipação indicada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a divulgação do novo arcabouço fiscal, de abril para março.

“As falas do governo e do PT contra o BC se acalmaram, com efeito sobre a curva de juros e recuperação nas ações na B3, com alguma melhora de sinal também nos índices de ações em Nova York à tarde”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando o desempenho do setor financeiro, com Bradesco à frente, além de avanço em parte das empresas do setor de consumo nesta quarta-feira.

“Após queda na abertura, já às 10h30 o Ibovespa começava a se firmar em alta, puxado pelas ações de consumo, favorecidas pelo desempenho dos juros futuros”, diz Gabriel Matesco, especialista em renda variável da Blue3. O índice de consumo fechou o dia na B3 em alta de 2,69%, enquanto o de materiais básicos, que reúne ações de commodities, com exposição à demanda externa, subiu 1,55%.

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Descolado do desempenho do Ibovespa, o avanço do dólar hoje acompanhou o comportamento externo do câmbio, com fortalecimento da moeda americana ante a cesta de referência do DXY, em movimento impulsionado, na sessão, por dados fortes sobre o varejo e a indústria dos Estados Unidos. Os dados vêm em momento em que o mercado ainda monitora de perto a tendência para os juros na maior economia do mundo, que tendem a permanecer elevados por longo tempo ante a resiliência do nível de atividade.

Aqui, as declarações do ministro da Fazenda em evento do BTG Pactual hoje trouxeram sinais favoráveis para a política fiscal, afirma o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, em relatório. Para o analista, o compromisso de se apresentar até março a proposta de novo arcabouço deve aliviar os ruídos no cenário.

“Além de colaborar para dar previsibilidade ao gasto e ao resultado primário, o envio da proposta da nova regra fiscal ao Congresso colaborará para amainar as pressões sobre a política monetária. É fundamental que se avance na área fiscal para desanuviar os cenários e engatilhar eventual ciclo de afrouxamento monetário”, escreve Salto, em relatório, conforme relato do jornalista Cícero Cotrim, do Broadcast.

No mesmo evento do BTG Pactual, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira, 15, que um texto “radical” sobre o novo arcabouço fiscal que será proposto pelo governo não terá sucesso no plenário do Congresso. Na visão do deputado, a âncora que substituirá o teto de gastos - a regra atual que limita o crescimento das despesas à inflação - deve ser “razoável”, “equilibrada” e “moderada”, reporta Iander Porcella, do Broadcast em Brasília.

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