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Governo colhe assinaturas de deputados e quer instalação de CPI da Petrobras nesta semana

Para instalar a CPI, são necessárias 171 assinaturas de parlamentares, um terço do colegiado da Câmara

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Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – O governo federal começou a colher assinaturas de parlamentares para apresentar o requerimento de instalação da CPI da Petrobras, proposta que pretende esmiuçar as regras de preços utilizadas pela empresa, além do repasse de dividendos e benefícios para seus diretores, entre outras informações. 

Para instalar a CPI, são necessárias 171 assinaturas de parlamentares, um terço do colegiado da Câmara. Ao Estadão, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) disse que já conseguiu cerca de metade do volume necessário nesta manhã de terça-feira, 21, e que, entre hoje e amanhã, deve atingir o volume mínimo necessário.

Apoio pela instalação da CPI da Petrobras encontra resistências do lado da oposição, que avalia que o momento não seria o mais adequado e que a investigação teria perdido força após José Mauro Coelho renunciar ao cargo Foto: Sergio Moraes/ Reuters

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Presidente do PL no Rio, Côrtes é o autor do requerimento encabeçado pelo partido do presidente Jair Bolsonaro. “Estamos recolhendo as assinaturas. Começamos hoje cedo porque o requerimento só ficou pronto às 11 horas da noite de segunda. Estou certo de que vamos conseguir o número necessário”, disse.

Ao Estadão, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que a CPI vai sair do papel. "A CPI será instalada e dará transparência a composição dos preços dos combustíveis", afirmou.

Uma vez coletadas as assinaturas necessárias, o pedido de instalação da CPI é encaminhado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a quem cabe acatar ou não o requerimento parlamentar. Na segunda, 20, Lira disse que aguarda o pedido. "Os partidos estão cada um com seu convencimento. Os líderes vão conversar com seus deputados para dar respaldo ou não a esse pedido", disse Lira, após uma reunião com líderes partidários da base governista e alguns da oposição, sobre o aumento nos preços dos combustíveis e a Petrobras.

O apoio pela instalação da CPI da Petrobras encontra resistências do lado da oposição, que avalia que o momento não seria o mais adequado e que a investigação teria perdido força após o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, renunciar ao cargo na estatal.

O deputado Altineu Côrtes, porém, diz que a própria forma como Coelho saiu também precisa ser investigada. “Tem muito interesse por trás disso. Por que ele dá um aumento no preço de combustíveis, sabendo que já está para sair do cargo? Quer sair bem com o mercado?”, questionou. 

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Segundo o parlamentar, a investigação precisa abrir a “caixa-preta” dos preços e lucros praticados pela Petrobras. “A CPI quer defender a população brasileira dessa política de definição de preços perversa da Petrobras. Poderemos ter todas as informações necessárias para abrir a caixa-preta dos preços, lucros e da exportação feita pela Petrobras.”

Oposição

Ex-aliado do Bolsonaro, o deputado Nereu Crispim (PSD-RS) afirma que a intenção do governo, com a proposta da CPI da Petrobras, é de apenas “fazer uma cortina de fumaça” sobre o assunto, porque, em sua análise, não haveria real motivação de mudar as regras de comercialização da empresa. 

Crispim, que é coordenador da frente parlamentar mista do caminhoneiro, apresentou, em setembro de 2021, um pedido para criação de uma CPI na Petrobras, mas não conseguiu avançar. Em março deste ano, uma nova solicitação de constituição da CPI foi protocolada pelo deputado, para investigar a cadeia de formação dos preços dos combustíveis no Brasil, não só a Petrobras. A proposta também não teve êxito.

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“O presidente Bolsonaro ou chegou atrasado novamente ou continua acovardado, refém do ministro ganancioso financeiro Paulo Guedes”, disse Nereu Crispim. “Bolsonaro deve ou pensar que só tem bobo dentro do Congresso Nacional ou pensar que os caminhoneiros e a população brasileira usam viseiras. Respeito.”

Segundo o parlamentar, os dois pedidos foram de conhecimento de Bolsonaro, que passou a enfrentar duras críticas dos caminhoneiros, classe que o apoiou na campanha. “Que fique claro que esse papo eleitoreiro de Bolsonaro de falar em CPI há menos de quatro meses da eleição é uma falácia para tentar transferir a responsabilidade a terceiros, mas caiu a máscara, indicando a maneira desrespeitosa e malandra que o presidente e seu ministro Paulo Guedes tratam o povo brasileiro”, afirmou o deputado.

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