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Professor de Finanças da FGV-SP

Novas regras para ESG buscam evitar o 'greenwashing'

É preciso se informar para identificar empresas que realmente têm fortes valores

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Por Fabio Gallo
Atualização:

Aplicar dinheiro em ESG é hit no mundo dos investimentos. Segundo a Bloomberg Intelligence, até o fim de 2022 o volume dedicado a esse tipo de investimento deve atingir US$ 41 trilhões e até 2025 deve ultrapassar a US$ 50 trilhões. Mas, por se tratar de um campo relativamente novo e com baixa regulamentação, há muitas dúvidas sobre se todo esse volume de dinheiro efetivamente é aplicado em empresas e ações dedicadas ao meio ambiente, à melhoria dos níveis de governança e à responsabilidade social. 

Há uma grande preocupação com a prática de maquiagem verde, o greenwashing, que nada mais é do que propaganda enganosa. Na busca de regulamentar essa indústria e dar maior garantia aos investidores, os organismos internacionais começaram a elaborar diretrizes. 

Organismos internacionais começaram a elaborar diretrizes para proteger investidores Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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A liderança desse movimento é da União Europeia, que em 2019 adotou a “ESG Disclosures Regulation” sobre divulgações relacionadas à sustentabilidade nos serviços financeiros. A International Organization of Securities Commissions (Iosco), que reúne os reguladores de valores mobiliários do mundo, a CVM das CVMs, desde 2021 tem editado diretrizes para regular o mercado. Esse conjunto de exigências fez com que milhares de fundos perdessem o selo ESG. Aqui no Brasil a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em janeiro de 2022, adotou novas regras para fundos ESG e criou o sufixo IS para sua identificação. O objetivo é estender os novos critérios para outras classes de fundos, alcançando também os multimercados e os estruturados, como Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), Fundos de Investimento em Participações (FIPs) e fundos imobiliários. Para o novo enquadramento serão necessárias a definição e a divulgação da estratégia, da metodologia e dos dados que dão suporte à gestão da carteira, assim como a realização de ações de diligência e monitoramento quanto à aferição dos objetivos ESG. 

A maior regulação trará mais segurança ao investidor devido à maior transparência e a uma gama maior de indicadores. Aplicar recursos em ESG tem apelos importantes para o investidor porque são investimentos socialmente responsáveis que tendem a ter maior competitividade no longo prazo. Permitem observação de uma melhor relação risco e retorno. 

As empresas com fortes valores ESG são mais propensas a atrair e reter os melhores talentos, particularmente porque os millennials são muito preocupados em trabalhar em empresas que compartilham os seus ideais. De qualquer forma, o investidor deve estar atento e buscar todas as informações sobre os fundos em que pretende aplicar o seu dinheiro. 

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* PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV-SP