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Falcões e pombos do Fed duelam sobre perspectiva da inflação

Por ALISTER BULL
Atualização:

Importantes formuladores de política do Federal Reserve externaram, nesta terça-feira, visões conflitantes sobre as perspectivas para a inflação e para o crescimento, expondo uma divisão entre as autoridades do banco central norte-americano sobre os futuros movimentos da taxas de juros. O diretor do Fed Frederic Mishkin disse que a economia norte-americana enfrenta grandes riscos e que as pressões inflacionárias irão se amenizar --comentários que ressaltam as avaliações de que ele apóia novos cortes na taxa básica de juro para impulsionar a economia. "Eu vejo riscos significativos para esta perspectiva", disse Mishkin para a Associação Nacional de Economistas em Arlington. "A maioria das últimas leituras sobre compras reais dos consumidores apontam para um primeiro trimestre fraco." O Fed já cortou a taxa de juro em 2,25 pontos percentuais desde meados de setembro para proteger a economia norte-americana de um colapso no mercado hipotecário que afetou o crescimento e deflagrou um aperto de crédito global. Os comentários de Mishkin foram similares ao recentes discursos do chairman do Fed, Ben Bernanke, e do número dois do Fed, Donald Kohn. Ambos enfatizaram os riscos para o crescimento, deixando a inflação em segundo plano. Investidores acreditam que esses comentários sinalizam que o Fed irá cortar a taxa de juro em mais 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião em 18 de março. No entanto, a inflação também vem crescendo e outras autoridades do Fed salientaram que isso pode ser um problema. O presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher, que votou contra o último corte de juro, disse em outro evento nesta terça-feira que um crescimento fraco é uma ameaça mais moderada do que a inflação. "Conter a inflação é o propósito do barco de cuja tripulação eu faço parte", disse Fischer em uma coletiva em Londres. "Se uma desaceleração econômica temporária é o que precisamos tolerar enquanto nós atingimos este propósito, então isso é, na minha opinião, um peso que devemos suportar, apesar de ser politicamente inconveniente", disse ele para a Society of Business Economists. Ele disse ainda que a queda do dólar para um nível recorde desde janeiro e a desvalorização dos títulos norte-americanos podem ser um reflexo das preocupações do mercado com a inflação. "Todos esses sinais podem ser anomalias --tencionando os mercados", disse Fisher. "Mas eles também indicam que o mercado está nervoso com a idéia de um afrouxamento monetária ainda maior em um mundo onde os preços das commodities sobem quase que diariamente e custos da mão-de-obra estão cada vez mais altos nas fábricas chinesas", disse ele. Suas observações seguem os recentes comentários agressivos de outro membro do comitê que decide a taxa de juro do Fed neste ano. O presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, disse na segunda-feira que as expectativas da inflação estão crescendo e que precisam ser monitoradas. "Eles certamente estão vendo nosso monitoramento e avaliam cuidadosamente o que está acontecendo. Uma vez que o gênio sai da lâmpada, fica difícil guardá-lo novamente. Nós não podemos esperar demais para que as expectativas de inflação se materializem, caso contrário, teremos que correr atrás do prejuízo." Observadores do Fed acreditam que as opiniões de Bernanke e Kohn, apoiadas por Mishkin e outras autoridades do Fed mais brandas, os chamados pombos, irão prevalecer levando a novos cortes de juro no curto prazo, mas eles vêem a influência dos chamados falcões no debate sobre até onde isso irá.

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