Ao fazer um análise da economia e da política no País, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a situação está sob controle. "Não há nenhum problema de endividamento que não seja manejável, administrável. Todos que têm noção efetiva do que acontece no Brasil sabem que a situação financeira também está sob controle. E também não é necessário ficar gerando preocupações políticas antes da hora", disse o presidente, acrescentando que está confiante de que o candidato tucano vai vencer as eleições presidenciais. E, se isso não ocorrer, quem vencer, segundo o presidente, vai governar com o apoio dos brasileiros. "Vai ter que ter uma atitude de responsabilidade. Acho que o candidato do PT (Luiz Inácio Lula da Silva) deu sinais de que está disposto a assumir essa atitude", afirmou o presidente, referindo-se às declarações de Lula sobre sua disposição de ouvir a sociedade e o atual governo. Fernando Henrique disse que achou bom o fato de Lula ter mantido em seu programa as mesmas linhas da política econômica do atual governo. "Só posso achar bom. Acho que a população brasileira quer segurança, e a segurança depende hoje em dia de uma política macroeconômica séria, austera, que tome em consideração a situação fiscal que gere um superávit necessário para fazer frente às dívidas que não são deste governo. As dívidas deste governo são apenas a explicitação de décadas de dívidas", afirmou o presidente. "Nós tivemos a coragem de mostrar que era assim a situação e de enfrentá-la", acrescentou, ao sair do Hotel Intercontinental, onde despachou nesta manhã. Solidez O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que embora converse com freqüência com seu colega argentino, Eduardo Duhalde, os dois nunca conversaram sobre formas de evitar o contágio da crise Argentina na América Latina. "A questão aqui do Brasil não é da mesma natureza que a da Argentina. São situações completamente distintas", disse o presidente, referindo-se à turbulência no mercado financeiro, nos últimos dias. "Ainda hoje há declaração do presidente do Fed norte-americano (Alan Greenspan) como também de Stanley Fischer (ex-vice diretor-gerente do FMI), mostrando claramente que a situação econômica do Brasil é muito mais sólida", afirmou. "Nós temos de passar uma mensagem de confiança a todos. Confiança, inclusive, no que diz respeito a questões políticas. Não há razão para estar aí temendo o que possa acontecer. Nesse sentido, o candidato Lula da Silva (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) se antecipou ao declarar seu compromisso com questões que são realmente importantes para acalmar não o mercado, mas o Brasil", afirmou o presidente, que participa no Rio do debate sobre meio ambiente em encontro preparatório da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que vai se reunir em agosto, em Johannesburgo.