PUBLICIDADE

Publicidade

Haddad: ‘Brasil não vai se salvar da crise climática; ou nos salvamos todos ou estamos perdidos’

Ministro da Fazenda diz ser ‘equivoco’ opor economia e ecologia e afirma que problema deixou de ser das novas gerações para se tornar atual

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Eduardo Laguna (Broadcast), Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e Karla Spotorno (Broadcast)
Atualização:

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou a atenção nesta sexta-feira, 17, para a falsa contradição entre desenvolvimento econômico e meio ambiente e disse que, dada a crise climática, os efeitos do aquecimento global terão que ser enfrentados ao mesmo tempo em que a sociedade tenta construir um novo mundo.

PUBLICIDADE

“A economia e a ecologia não podem mais estar em contradição. Precisamos pensar em cada detalhe o que estamos produzindo e consumindo para assegurar a vida humana na terra”, declarou durante participação em evento realizado por organizações da sociedade civil que discutiu o plano de transformação ecológica, como é chamada oficialmente a agenda verde do governo.

Em contraposição aos negacionistas do aquecimento global — os mesmos, segundo o ministro, que negaram a pandemia e as vacinas —, Haddad disse que o governo está do lado do conhecimento e da ciência na agenda climática.

O ministro frisou que cientistas que acompanham o avanço das emissões de carbono estão apavorados com efeitos, já presentes no mundo, que estavam previstos para apenas daqui a dez ou 20 anos.

“Antes me preocupava com meus netos, depois com meus filhos. Agora, estou com medo com o que vai acontecer também comigo. A coisa está acontecendo”, afirmou Haddad, ao pontuar que não se trata apenas de um problema das novas gerações.

Haddad discursou ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em evento em São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O ministro disse que o papel do setor público é conscientizar a população de que o mundo passa por uma crise climática muito grave, cuja superação depende da cooperação entre as nações. “O Brasil não vai se salvar da crise climática, ou nos salvamos todos ou estamos todos perdidos”, assinalou.

“Precisamos encarar a realidade dura na qual teremos que mitigar os efeitos que vão acontecer enquanto tentamos construir, em paralelo, um mundo novo”, continuou Haddad em discurso feito ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. “O desafio para os próximos anos é tremendo. Não vai acontecer de 2050 para lá, é para cá que vai acontecer.”

Publicidade

Haddad ressaltou que, em nenhum momento, imaginou que a agenda ambiental, coordenada por seu ministério, pudesse atuar contra o desenvolvimento econômico. “É um equívoco opor economia e ecologia”, reforçou.

Haddad disse também que, ainda que desde o início do mandato o governo tenha resgatado 40 iniciativas, como o fundo de financiamento a estudantes do ensino superior, o Fies, e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), essas ações ainda são insuficientes para planejar o futuro. “Temos que ir além do que já fizemos”, declarou.

Adaptação e mitigação não são suficientes

Em sua fala, Marina Silva disse que as medidas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas são necessárias, mas não são suficientes para o enfrentamento efetivo dos eventos severos de clima. A mitigação é o investimento na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) a fim de evitar ou reduzir a incidência da mudança do clima. A adaptação visa reduzir os potenciais danos da crise climática e buscar oportunidades.

PUBLICIDADE

“Adaptação e mitigação não vão resolver o problema se não houver uma agenda de transformação do modelo de desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural”, afirmou durante o evento. “O modelo atual é insustentável. É preciso uma mudança profunda”, disse.

Ela afirmou que o Plano de Transformação Ecológica, apresentado pelo governo federal e que tem a coordenação do Ministério da Fazenda, tem o objetivo de empreender essa mudança profunda no País. E pontuou que o plano será feito na “tentativa e erro”. “Passará por erros e acertos”, disse, acrescentando que o plano é transversal por essência e envolve diferentes setores e ministérios.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.