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Haddad diz que nota do BC ‘poderia ter sido mais generosa’ com medidas já anunciadas pelo governo

Segundo o ministro da Fazenda, gestão Lula herdou uma ‘situação fiscal delicada’ do governo Jair Bolsonaro

Foto do author Antonio Temóteo
Foto do author Iander Porcella
Por Antonio Temóteo e Iander Porcella (Broadcast)

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Banco Central (BC) “poderia ter sido mais generoso” com o governo no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que sinalizou incertezas fiscais. Segundo Haddad, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva herdou uma “situação fiscal delicada” do governo Jair Bolsonaro.

“Nós não vamos em 30 dias de governo resolver um passivo de R$ 300 bilhões que foi herdado do governo anterior. Mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas e anunciei no dia 2 de janeiro o que vamos perseguir por resultados melhores. E, nesse particular, eu penso que a nota [do Copom] poderia ser mais generosa com as medidas que já tomamos. Eu entendo que nós vamos harmonizar a política fiscal com a política monetária”, disse.

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Haddad ainda disse crer que o BC, ao citar incertezas fiscais existentes, fazia referência ao que chamou de “legado do governo anterior.

“Eu creio que o que Banco Central disse faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por este governo. Vamos falar das medidas tomadas no primeiro dia de governo revogando a irresponsabilidade dos dez últimos dias do governo anterior que tomou cinco medidas desonerando uma série de setores e prejudicando a arrecadação do primeiro ano do governo Lula. Existe uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que temos que administrar”, declarou o ministro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula durante evento em Brasília; governo tem entrado em atrito com direção do Banco Central. Foto: Adriano Machado/Reuters Foto: Adriano MAchado/Reuters

“A política fiscal ajuda a política monetária. E não podemos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal. É um organismo com dois braços que tem que trabalhar juntos em proveito do mesmo objetivo”, disse.

Nesta segunda-feira, o presidente Lula renovou as críticas à autonomia do Banco Central e ao nível dos juros no País. Segundo ele, “é uma vergonha” e “não tem explicação” o fato de a taxa básica de juros, a Selic, estar em 13,5% ao ano. Ele exortou ainda o setor empresarial a “reclamar dos altos juros”.

As críticas foram feitas no mesmo dia em que o BC divulgou pesquisa mostrando que o mercado não vê espaço para corte da Selic antes de novembro para fechar o ano em 12,50% ao ano.

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Diretoria do BC

Haddad voltou a afirmar que Lula tem a prerrogativa de escolher os nomes que ocuparão as vagas em duas diretorias do BC. Segundo ele, indicações para os postos têm sido feitas, inclusive pelo presidente do banco, Roberto Campos Neto. Entretanto, Haddad afirmou que o papel dele e de Campos Neto é levar nomes que possam ser escolhidos por Lula.

Os mandatos do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, e do diretor de Fiscalização, Paulo Souza, vencem em 28 de fevereiro.

“Estamos recebendo, inclusive do presidente do BC, nomes que possam ser avaliados pelo presidente da República. A lei de autonomia deixa claro que é prerrogativa do presidente da República a indicação dos nomes. Nosso papel é levar ao conhecimento do presidente Lula os melhores nomes disponíveis para que ele possa eventualmente escolher”, disse.

Segundo Haddad, ele e Campos Neto já conversaram algumas vezes sobre nomes para os postos, que serão técnicos.

“Eu já conversei várias vezes com o presidente do BC sobre nomes técnicos, como sempre foi a nossa prática. Em todo o período que estivemos à frente dos governos nós sempre indicamos para as diretorias do BC nomes técnicos que tenham condição de cumprir da forma mais apropriada os deveres e as competências do cargo que será ocupado”, disse.

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