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Volume de serviços recua 0,60% em outubro, puxado por queda no transporte de cargas, diz IBGE

Setor acumulou uma retração de 2,3% nos últimos três meses seguidos de recuos, de agosto a outubro; transporte rodoviário de cargos tem impacto negativo de término da safra recorde deste ano

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

O volume de serviços prestados no País diminuiu 0,6% em outubro ante setembro, confirmando a tendência de perda de fôlego já esboçada em meses anteriores. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O setor acumulou uma retração de 2,3% nos últimos três meses seguidos de recuos, agosto a outubro, eliminando assim o ganho de 2,3% verificado nos três meses anteriores, entre maio e julho. “Podemos dizer que estamos de volta ao patamar de abril deste ano”, apontou Luiz Carlos Almeida, analista da pesquisa do IBGE.

A falta de dinamismo é decorrente dos juros ainda elevados na economia, avaliou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

“O dado de hoje (quarta-feira) corrobora nossa visão de desaceleração da atividade econômica no segundo semestre. Nossa previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre apresente uma pequena contração e termine 2023 com expansão ligeiramente abaixo de 3%. Já para 2024, projetamos um crescimento do PIB de 1,5%”, projetou Moreno, em comentário.

Os serviços não colecionavam três quedas seguidas desde o período de março a maio de 2020, no auge do choque inicial provocado pela pandemia de covid-19 no País. Nos primeiros dez meses de 2023, na série que desconta influências sazonais, os serviços registraram expansão em cinco deles, recuando nas demais cinco oportunidades: janeiro, -3,3%; fevereiro, 0,9%; março, 1,1%; abril, -1,8%; maio, 1,5%; junho, 0,1%; julho, 0,6%; agosto, -1,4%; setembro, -0,3%; e outubro, -0,6%.

Setor acumulou uma retração de 2,3% nos últimos três meses seguidos de recuos, agosto a outubro Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“O setor vinha se beneficiando de aumento da renda disponível, mercado de trabalho forte e transferências do governo. Tudo isso ajudou a sustentar, mas agora vemos a desaceleração, que já era esperada e até demorou um pouco para chegar”, opinou o economista Carlos Lopes, do Banco BV.

Na passagem de setembro para outubro, houve recuos em duas das cinco atividades investigadas: transportes (queda de 2,0%, acumulando uma perda de 4,3% entre agosto e outubro) e serviços prestados às famílias (retração de 2,1%, eliminando grande parte do ganho de 2,5% visto em setembro).

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“O setor está sem uma tendência definida, e isso é corroborado quando a gente abre pelos setores, diversos setores mostram tendência semelhante”, apontou Luiz Carlos Almeida, do IBGE.

Por outro lado, houve avanços nos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%) e em informação e comunicação (0,3%). O segmento de outros serviços registrou estabilidade (0,0%).

“A queda em outubro foi muito influenciada pelo transporte de cargas. O transporte rodoviário de cargas foi o impacto negativo mais importante neste mês”, apontou Almeida. “A gente pode dizer que isso se deve tanto ao término da safra recorde deste ano, quanto de uma perspectiva de uma safra menor no ano que vem”, acrescentou.

Segundo ele, além do menor transporte de produtos e insumos agrícolas, a menor produção industrial também tem afetado o transporte de cargas. O analista do IBGE citou ainda a perda de ímpeto no subsetor de tecnologia da informação, um dos motores que vinham impulsionando o volume de serviços prestados no País, ao lado do transporte de cargas. “Não estão mais tão dinâmicos”, sentenciou.

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Nos últimos três meses, de agosto a outubro, na série com ajuste sazonal, os serviços de tecnologia da informação acumularam recuo de 1,1% (embora tenham crescido em outubro), enquanto o transporte de cargas encolheu 4,7%. Almeida vê um arrefecimento natural em tecnologia da informação, devido a uma base de comparação elevada e um retorno maior de empresas ao trabalho presencial. Quanto ao transporte de cargas, ele insiste na explicação do arrefecimento na movimentação de produtos e insumos após a safra recorde, além da queda no transporte de bens industriais.

Em outubro, o setor de serviços operava 10,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, e 3,2% abaixo do pico alcançado em dezembro de 2022./Colaborou Daniel Tozzi Mendes

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