A alta dos preços de alimentos, petróleo e matérias-primas forçou o banco central do Japão a triplicar nesta quarta-feira a previsão de inflação, mas o temor de uma desaceleração induzida pelos Estados Unidos também fez a autoridade monetária abandonar o discurso sobre uma possível elevação da taxa de juro. Na Europa, onde as previsões de crescimento econômico na zona do euro foram reduzidas nesta semana, dados mostraram que a inflação caiu dos níveis recordes em abril, ainda que tenha continuado bem acima do nível de tolerância do Banco Central Europeu (BCE). Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve anunciar outra redução do juro apesar de um problema semelhante com a inflação. O banco central do país tenta impulsionar uma economia abalada pela crise imobiliária e pelo colapso do mercado de hipotecas de alto risco (subprime). As notícias das três regiões salientam a questão sobre a presença de uma estagflação no mundo industrializado --crescimento mínimo ou nulo combinado com inflação alta. JAPÃO, NÃO TÃO RÁPIDO O Banco do Japão anunciou a manutenção do juro em 0,5 por cento e, mais destacadamente, escolheu não sinalizar a necessidade de uma elevação no longo prazo, abandonando uma rotina que já vinha há dois anos. O Banco do Japão cortou a previsão de crescimento para o atual ano empresarial, que termina em março, de 2,1 para 1,5 por cento, e quase triplicou a projeção de inflação, de 0,4 para 1,1 por cento. A autoridade monetária culpou principalmente o preço do petróleo, dos alimentos e de outras commodities, além do contágio da desaceleração norte-americana. A turbulência nos mercados financeiros pelo menos não teve um impacto tão grade na necessidade de financiamento das grandes empresas do Japão, apontou. Dados oficiais também mostraram que a produção industrial japonesa caiu 3,1 por cento em março, registrando a maior baixa mensal em pelo menos cinco anos. EUROPA, NÃO TÃO FRACA? A inflação na zona do euro desacelerou para 3,3 por cento em abril após recorde de 3,6 por cento em março, de acordo com dados preliminares. Mas o dado continua bem acima do nível de tolerância, de 2 por cento, que o BCE tem para a tendência de médio prazo. A estimativa veio em linha com a sondagem da confiança empresarial em março, feita pela Comissão Européia. O índice recuou para 97,1 pontos, menos nível desde agosto de 2005, após ter registrado 99,6 pontos em março. Economistas esperavam que o índice recuasse para 99 pontos. A Comissão previu na segunda-feira que o crescimento da zona do euro desaceleraria para 1,7 por cento neste ano e 1,5 por cento em 2009, contra 2,6 por cento em 2007. "A freada da economia está colocando o BCE sob uma crescente pressão para cortar os juros, pelo menos em uma perspectiva de médio prazo", disse Christoph Well, do Commerzbank.