O coordenador do Portfólio de Economia de Baixo Carbono do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Gustavo Pinheiro, afirma que o primordial para o desenvolvimento da Amazônia sem necessidade de derrubar a floresta é colocar em prática um plano de zoneamento econômico ecológico. O plano existe desde os anos 80 e já foi utilizado por alguns Estados, mas foi abandonado há 17 anos e está desatualizado.
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O iCS prepara projeto a ser implementado com outras organizações para subsidiar o Fórum dos Governadores da Amazônia em relação à economia sustentável para a região. “A ideia é buscar a atualização do zoneamento econômico ecológico e montar políticas específicas que contribuam para o desenvolvimento das regiões, que têm diferentes vocações”, diz.
As propostas passam por fazer bom uso das áreas que já foram convertidas para agricultura e pecuária e fazer concessões à exploração sustentável. “Isso tiraria a pressão da floresta, pois o desmatamento se dá porque o agricultor vai atrás de mais terra”, diz Pinheiro.
Um dos objetivos é que essas atividades não cheguem ao meio da floresta, para não colocar em risco ativos da biodiversidade que podem dar origem a produtos da bioeconomia com altíssimo potencial para setores como plástico, cosmético, farmacêutico, bebidas e alimentos.
Um exemplo citado por Pinheiro é que, segundo estudos, o plantio de açaí no meio da floresta gera renda seis a 20 vezes maior que a da pecuária. A ideia também é agregar valor ao produto local. A maior parte do cacau colhido na região é exportada, enquanto a produção do chocolate poderia ser feita no País.
Liderança
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), reforça que a economia verde é estratégica, “é a economia do futuro”.
Para ele, o Brasil tem condições de desempenhar um papel importante nesse processo pelo tamanho de sua riqueza natural, pela sua competência tecnológica em desenvolver uma nova matriz energética menos poluente e pela sua biodiversidade. “O Brasil tem condições de liderar o processo de uma transformação verde no mundo e se beneficiar muito disso.”
Na opinião do economista, ficar para trás nesse processo é abrir possibilidades de perder vantagens que o País tem hoje, como o do agronegócio. Segundo ele, a mudança que vem pela frente será profunda e duradoura e inclui um novo padrão de consumo, de produção e tecnológico que vai implicar novos desafios ambientais e sociais.