Temos um longo caminho até chegarmos na AI empática e muito mais para chegar numa que talvez consiga contornar os vieses dos humanos que criam seus códigos/programação. Hoje nossas interações com AI ainda são entediantes e desesperadores monólogos paralelos.
Enquanto isso, espero que possamos usar as mídias para aproximar, mais que para julgar; para convidar para conversar e olhar, mais que medir e comparar; para nos apaixonarmos pela humanidade, mais que excluir ou temer.
Sair de nossos monólogos paralelos realmente importa. Como podemos tecer, cultivar e nutrir relacionamentos melhores?
Nossos relacionamentos estão vulneráveis. Um estudo recente, publicado na revista NATURE, analisou 8 milhões de textos e ligações a 23 linhas de ajuda (tipo CVV) sobre o impacto das medidas restritivas durante a pandemia, em 13 países entre 2019 e começo de 2021. O resultado foi a explosão da solidão. Mas essa explosão é parcialmente reflexo do que víamos como problemas de relacionamento - em casa, no trabalho ou no engarrafamento. Então, lidar ou contornar a solidão é uma questão de tecer e nutrir relacionamentos, cerzir e remendar outros. Se 2020 e 2021 foram anos de rompimentos - divórcios, separações, demissões - o que podemos fazer em 2022 para melhorar a qualidade da conexão com que amamos, com os outros?
Comecemos por ouvir. Como podemos ouvir o que está e o que não está sendo dito? De um lado, precisamos de mais vozes honestas que tragam as vibrações do corpo e as emoções da alma e assim nos joguem lá no fundo da conversa. De outro lado, precisamos de mais ouvidos atentos, pois ouvir é com o corpo todo e mais as emoções.
Só assim, despidos dos monólogos paralelos, dos scripts, da disputa ou da vontade de ter razão, podemos finalmente estar juntos. Existe beleza em olhar o outro sem querer mudá-lo. No cotidiano, isso parece impossível. Mas, com prática, somos capazes. Fazíamos isso quando crianças.
Fica aqui meu convite para simplesmente se deixar olhar para o outro e ao outro, o convite é se deixar ser visto.