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Mercadante avança na indicação de nova diretoria do BNDES

Com oito dos nove nomes já anunciados, futuro presidente do banco de fomento ainda deverá indicar mais um membro da diretoria

Por Vinicius Neder

RIO – Ainda no aguardo da nomeação formal e sem data de posse definida, o futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, deu mais um passo na formação de sua diretoria. Na noite de quarta-feira, 11, foi anunciado o nome de uma funcionária de carreira do banco, enquanto publicações no Diário Oficial de União (DOU) desta quinta-feira, 12, confirmaram as funções de dois diretores já anunciados, os ex-ministros Nelson Barbosa e Luiz Navarro. Com oito nomes já anunciados, Mercadante ainda tem uma vaga a indicar.

Ainda há uma vaga porque, pelo estatuto do BNDES, a diretoria é formada pelo presidente e mais nove membros. Na estrutura organizacional do banco, as diretorias não têm função previamente determinada. Conforme cada gestão, o conjunto de áreas, operacionais ou de apoio à atividade – as áreas são comandadas por superintendentes, cargo imediatamente abaixo dos diretores, na hierarquia –, são alocadas nas diferentes diretorias.

Mercadante, indicado para comandar o BNDES, já anunciou oito dos nove membros de sua diretoria Foto: Wilton Junior/Estadão - 13/12/2022

O nome de Barbosa e da também ex-ministra Tereza Campello foram os primeiros a serem aventados para a diretoria de Mercadante. Dias antes do Natal, num encontro com empresários em São Paulo, o futuro presidente confirmou a indicação dos dois para sua diretoria, mas não deu detalhes sobre quais funções assumiriam. Após o encontro, disse a jornalistas que Barbosa e Campello deveriam trabalhar nas áreas em que têm expertise.

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Também após o encontro com empresários, Mercadante anunciou os nomes da maioria da diretoria. São eles Alexandre Abreu, ex-CEO do banco Original, que também presidiu o Banco do Brasil (BB) entre 2015 e 2016; o economista José Luis Gordon, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); Natalia Dias, que é CEO do Standard Bank Brasil; Luciana Costa, presidente no Brasil do banco francês de investimentos Natixis; e Navarro, que foi ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU) entre março e maio de 2016.

Diante da sinalização de Mercadante às vésperas do Natal, esperava-se que Barbosa cuidasse de áreas relacionadas ao planejamento. Barbosa trabalhou no Ministério da Fazenda comandando pelo ex-ministro Guido Mantega e, depois, foi ministro do Planejamento e da Fazenda, no segundo governo Dilma Rousseff (PT). A função de “Diretor de Crédito à Infraestrutura” está informada em ato da Universidade de Brasília (UnB), publicado no DOU desta quinta-feira, 12, que autorizou a cessão de Barbosa. O ex-ministro é professor da instituição de ensino.

Navarro, que é consultor legislativo de carreira do Senado Federal, também teve a cessão autorizada, conforme portaria publicada no DOU nesta quinta-feira, 12. Segundo o texto da portaria, a cessão de Navarro para o BNDES foi aprovada, para “exercer o cargo de Diretor de Compliance”, como é conhecida a área das empresas que cuida da conformidade no cumprimento de normas e leis.

A oitava indicação para a diretoria foi anunciada em entrevista à jornalista Míriam Leitão, no canal de TV por assinatura GloboNews. Helena Tenório, funcionária de carreira do BNDES, será a diretora responsável pela área de recursos humanos e operações.

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Economista, Tenório é funcionária do BNDES desde 1998. Atualmente, é chefe do Departamento de Operações Indiretas e Microcrédito. Em 2018, foi superintendente de Comunicação e Relações Institucionais. Vice-presidente do conselho do Novo Clube de Paris, entidade voltada para desenvolver a agenda da “economia do conhecimento”, Tenório deverá atuar na promoção do aumento da diversidade do corpo de funcionários do BNDES.

Diversidade

Na entrevista à GloboNews, Mercadante demonstrou preocupação com o tema, destacando que quatro dos nove membros de sua diretoria serão mulheres. Se, em termos de gênero, o quadro está mais equilibrado, no caso da diversidade racial, o BNDES parece mais atrás. Mercadante ressaltou que apenas 1,6% do total de funcionários têm a pele preta. Somados aos que se declaram pardos, a proporção sobe a 4,6%.

“Não tem um superintendente negro na história do banco. Fiz a primeira reunião da história com os negros. Vamos fazer essa promoção. Vamos fazer um trainee do banco, que é muito valorizado no mercado, só para negros e negras”, disse Mercadante à GloboNews, lembrando que não há CEOs negros no setor financeiro. “Vamos ter um concurso com ação afirmativa para aumentar a presença”, completou.

Na última segunda-feira, 9, um despacho do Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval à nomeação de Mercadante, diante de incertezas sobre eventual vedação pela Lei das Estatais, mas ainda não há definição sobre quando e onde (se na sede do banco, no Rio, ou em Brasília) será a cerimônia de posse. A assessoria de Mercadante já informou que ele se mudará para o Rio, para trabalhar, prioritariamente, na sede da instituição.

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