
(Texto atualizado às 17h50)
Os mercados de câmbio e ações responderam positivamente à aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, apostando que aumentaram as chances de uma definição no quadro político e econômico do País. O otimismo dos investidores se manteve mesmo diante da perspectiva de um processo longo e de resultado imprevisível. Com isso, o dólar fechou em queda de 2,13%, cotado a R$ 3,7459. A Bovespa, que chegou a subir quase 5% ao longo do dia, fechou com ganhos de 3,29%, aos 46.393,26 pontos e R$ 7,8 bilhões em negócios.
A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de aceitar um dos pedidos de impeachment apresentados pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal foi anunciada no início da noite de quarta-feira, quando os mercados já estavam fechados. Cunha anunciou a decisão após os três deputados petistas que compõem a Comissão de Ética da Câmara fecharem acordo para votação a favor de processo por quebra de decoro parlamentar contra ele.
A percepção inicial dos investidores foi de que uma eventual saída de Dilma pode significar o fim da crise política e a volta da governabilidade, com efeitos positivos na economia, principalmente no que diz respeito à questão fiscal.
Na Bovespa, as ações que melhor simbolizaram o otimismo com o noticiário político foram as da Petrobrás e as do setor bancário. As ações da estatal petrolífera subiram 3,48% (ON) e 6,12% (PN), enquanto Banco do Brasil ON avançou 8,40% e Itaú Unibanco PN, 6,35%. Segundo profissionais do mercado de ações, o anúncio de Cunha, feito antes mesmo da votação da Comissão de Ética (marcada para dia 8), acabou pegando alguns investidores de surpresa, o que levou a um movimento de zeragem de posições vendidas (apostas na queda das ações). Com isso, a alta dos papéis ganhou ainda mais força.
No mercado de câmbio, pesou positivamente também o fato de o Congresso ter aprovado a mudança da meta fiscal para 2015, cuja indefinição vinha trazendo instabilidade ao mercado. Apesar de ter sido eclipsada pela notícia da aceitação do pedido de impeachment, a votação foi considerada crucial.
Ainda no que diz respeito a um possível impedimento presidencial, os profissionais ponderaram que, apesar desta primeira reação positiva do mercado, a dinâmica do processo pode estressar os negócios em outras sessões. Isso porque há várias pedras no caminho até o desfecho: ações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o impedimento, articulações no Congresso contra e a favor de Dilma e dificuldades para se manter as Casas legislativas operando normalmente, entre outras. O temor é de que, em meio a indefinições, o País tenha seu rating novamente rebaixado por alguma das principais agências de rating. Nesta semana, aliás, uma equipe da Standard & Poor's está no Brasil para avaliar as condições políticas e econômicas.