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Merrill Lynch reprova reestruturação da dívida argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O banco de investimentos Merrill Lynch reagiu hoje com insatisfação à declaração do governo argentino de que pagará apenas 25% do total da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que é de US$ 94 bilhões, e também cancelará o pagamento de todos os juros atrasados desde o começo da moratória, em dezembro de 2001. O Merrill diz, em relatório dirigido a seus clientes, acreditar que "os investidores devem receber a proposta argentina de forma negativa". O anúncio de Buenos Aires deve ser analisado, de acordo com o Merrill Lynch, como uma mensagem "político-doméstica de que os investidores em Bonds compartilhem a carga do ajuste e ainda, teve o objetivo de pressionar a redução dos preços do mercado atual". O efeito líquido para o investidor, segue o banco, dependerá do tipo de título emitido e da consolidação eventual do novo débito, mas "poderá ser avaliado facilmente mais baixo do que os altos US$ 20 cotados hoje". Dentro da complexa arquitetura de investimentos em bônus na Argentina, o governo terá de gerenciar a renegociação de 152 tipos de Bonds, emitidos em sete moedas diferentes e submetidos às regras de oito jurisdições nacionais. Do total, 43,5% são pessoas físicas, majoriatariamente argentinos e italianos. Outro ponto indicado pelo Merrill, como parte do pacote argentino, é a reivindicação do total perdão dos juros. Porém, o Banco ressalta não acreditar que os investidores aceitarão "facilmente"a idéia. O Merrill prevê um corte dos juros acumulados entre 85% e 60%, que seriam pagos em forma de Bonds intermediários e não a 100%, conforme está sendo pretendido pelo governo argentino. Perdão total dos juros O ministro da economia, Roberto Lavagna, e o secretário das finanças, Guillermo Nielsen, apresentaram ontem, em Dubai, a oferta para a reestruturação da dívida junto ao FMI. O governo quer buscar uma redução de 75% do principal, além do "perdão total" dos juros acumulados a partir de 2001. A proposta inclui ainda uma reestruturação do principal e a definição do que seja "débito elegível". A dívida a ser reestruturada, explica o Merrill, inclui todos os Bonds lançados antes de 31 de dezembro de 2001, que segundo estimativas de Buenos Aires, em dólar, somam US$ 87 bilhões. Os câmbios excluem US$ 23 bilhões de BODENS (bônus novos, emitidos depois do calote) e US$ 16 bilhões de empréstimos nacionais "garantidos". Entretanto, o banco reconhece, que ainda é difícil uma avaliação neste momento, "dado que alguns elementos cruciais estão faltando", como por exemplo quais serão os títulos considerados e de quanto será a consolidação da nova dívida. Embora os preços tenham caído cinco pontos na semana passada, o Merrill indica a seus clientes que o mercado ainda tem mais margem de manobra para amortecimentos, ou seja, esclarece, "sem cortes do principal, o valor do pacote PAR (Bond) seria de US$ 22 a US$ 29".

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