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Ambev vende menos cerveja no Brasil no segundo trimestre, mas custos baixos são bom sinal

Segundo a empresa, cervejas com rótulos econômicos puxaram os volumes da companhia para baixo, e marcas consideradas premium tiveram desempenho acima da média, com destaque para a Spaten

Foto do author Talita Nascimento
Por Talita Nascimento e Beth Moreira

A Ambev vendeu 2,5% menos cerveja no Brasil no segundo trimestre deste ano e registrou queda de 2,2% no volume comercializado de bebidas não alcoólicas. A companhia também sinalizou custos melhores até o fim do ano para o negócio de cervejas no País. A expectativa de alta de 6% a 9,9%, no entanto, foi substituída por números mais amenos: de 2,5% a 5,5%. Os resultados acabaram sendo considerados dentro do esperado ou neutros, na visão de analistas de mercado.

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“O que vimos no segundo trimestre foi um impacto no mercado como um todo. A indústria caiu no geral, não fomos só nós”, disse o CFO da Ambev, Lucas Lira. Segundo ele, puxaram os volumes da companhia para baixo as categorias de cerveja com rótulos econômicos e que as marcas consideradas premium tiveram desempenho acima da média, com destaque para a Spaten.

Os analistas do Bradesco BBI viram o desempenho dessas marcas mais sofisticadas como ponto positivo dos números apresentados, uma vez que a empresa superou a concorrência nesse indicador.

“Os volumes consolidados de cerveja no Brasil caíram 2,5% na comparação anual, contra a expectativa de queda de 1% do Bradesco BBI, mas a Ambev cresceu aproximadamente 35% no mercado de cerveja premium no País, superando o crescimento de um dígito da Heineken no trimestre”, afirmaram os analistas Leandro Fontanesi e Pedro Fontana.

Em teleconferência a investidores, o CEO da Ambev, Jean Jereissati, disse que a concorrência do setor agora tem sido mais racional, depois de um período de perda de margens nos últimos dois anos. Sem especificar como isso deve interferir na precificação dos produtos da companhia, por considerar o assunto estratégico, o CFO, Lucas Lira, disse que só o tempo vai dizer o que virá pela frente em termos de concorrência, que sempre foi acirrada o País. No entanto, ele disse que hoje a companhia está mais confortável com o nível de posicionamento de suas marcas.

Custos

Quanto à redução da expectativa de alta de custos para o ano de 2023, Lira diz ver um cenário mais positivo para a companhia.

Resultados são considerados neutros ou dentro do esperado pelo mercado Foto: Tasso Marcelo / Estadão

“Os custos este ano crescem menos, o que é ótimo. Sofremos muito da pandemia para cá. Este ano, temos o real se apreciando e o alumínio caindo de preço. Assim, nossa performance do lado do custo tem melhorado e atualizamos nosso guidance (previsão)”, afirmou. Aos analistas de mercado, mais cedo, ele disse que a pressão de custos também deve ser melhor em 2024.

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Jereissati disse ainda aos investidores acreditar que, ao longo do segundo semestre, a companhia seguirá apresentando alta dos níveis de Ebitda, com a perspectiva de finalizar o ano com expansão acima dos 17,1% apresentados no ano de 2022. Para o CEO, a indústria está estruturalmente melhor, apesar de haver menos “euforia” de consumo nos clientes.

Perspectivas

Para o Itaú BBA, os resultados do segundo trimestre de 2023 da Ambev foram neutros, mas a revisão de custos para baixo no segmento de Cerveja no Brasil é um ponto positivo. Os analistas, porém, mantém recomendação neutra para a companhia até que estejam mais claros os potenciais impactos da reforma tributária brasileira na companhia, bem como as perspectivas para a Argentina.

Sobre a reforma tributária, Lira afirmou que a companhia vê os aspectos de simplificação do sistema sem alta de carga tributária com bons olhos, mas vê ainda muitas possibilidades de mudanças no texto até a aprovação final no Congresso. Por isso, acredita que qualquer comentário sobre os impactos na companhia seria precipitado.

Sobre a Argentina, o raciocínio é mais complexo. No geral, a Ambev trabalha com contratos futuros de 12 meses para garantir previsibilidade em seus custos. Esse processo, conhecido como “hedge”, porém, ficou caro na Argentina devido à alta volatilidade da economia do país.

“Na Argentina, fazemos hedge de moeda e commodities, mas, dadas as condições de temperatura e pressão, os custos ficaram mais altos. No meio do ano passado, ficaram caros demais e, gradativamente, fomos diminuindo essas operações”, diz Lira.

Ele afirma que o foco da operação argentina agora é a geração de caixa. Ajudam o menor gasto em operações de contratos futuros, bem como a negociação com alguns fornecedores para que as compras não sejam feitas em dólar, mas em pesos argentinos.

Números

A Ambev apresentou lucro líquido consolidado de R$ 2,597 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que representa uma queda de 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 5,275 bilhões, alta de 34,2% no conceito orgânico e queda de 4,7% no conceito reportado. A receita líquida no segundo trimestre ficou em R$ 18,898 bilhões, avanço de 20% no conceito orgânico e alta de 5,1% no conceito reportado, ambos ante um ano.

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No dia, negativo para o Ibovespa, a companhia viu seus papéis se desvalorizarem quase 2,8%./Colaborou Caroline Aragaki

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