PUBLICIDADE

Publicidade

‘Tenho compromisso com meu legado. Não posso sair e ir para outra empresa’, diz Frederico Trajano

Para presidente do Magazine Luiza, situação enfrentada pelo varejo nos últimos anos foi extremamente complexa, e o que aconteceu no primeiro trimestre foi ‘um feito histórico’

Foto do author Talita Nascimento
Por Talita Nascimento

O resultado positivo do Magazine Luiza, que saiu de um prejuízo de R$ 391 milhões no primeiro trimestre do ano passado para um lucro de R$ 27,9 milhões este ano, foi muito comemorado pela empresa. Mas teve um significado especial para seu presidente, Frederico Trajano. “Eu tenho compromisso com o meu legado, da minha tia que faleceu agora e que construiu essa empresa tão bonita”, disse, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

PUBLICIDADE

O executivo se referia à sua tia Luiza Trajano Donato, que fundou a rede varejista ao lado de seu marido, Pelegrino José Donato, em 1957, com a compra de uma loja em Franca (SP), chamada A Cristaleira. Luiza faleceu em fevereiro, aos 97 anos. Donato havia falecido em 2018, aos 94 anos.

Para Frederico, o setor varejista como um todo enfrentou uma situação muito complexa nos últimos anos, principalmente no pós-pandemia da covid-19. “Foi extremamente complexo. No meu caso, ainda mais, porque eu tenho responsabilidade com o legado da família”, disse. “Não sou um executivo que pode sair daqui e ir para outra empresa ou ficar um tempo em período sabático.”

Frederico é filho de Luiza Helena Trajano (sobrinha da fundadora), que presidiu a rede varejista por muitos anos e é uma das empresárias mais respeitadas do País. Ela é hoje a presidente do conselho de administração do grupo.

'Nunca tivemos um trimestre com uma evolução tão significativa na rentabilidade', disse Frederico Foto: Magazine Luiza/Divulgação

O executivo assumiu o comando do Magazine Luiza em 2016, aos 40 anos, e foi o responsável pela integração entre as operações físicas e virtuais da rede em uma só - àquela época, o comum era essas divisões operarem separadamente.

Nesse período, passou por alguns momentos de mais ou menos turbulência, mas talvez nada como visto nos últimos anos. “Foi um período, não só para mim, como para todo o meu time, super intenso. Acho que, o que nós e todo o varejo brasileiro e mundial vivemos no pós-pandemia foi um período extremamente desafiador”, disse.

“É por isso que eu acho que o que nós fizemos de melhoria de resultado é um feito histórico. Porque o cenário era de um aumento abrupto de juros, de 2% para 14% no pós-pandemia”, disse. “Quando fizemos o orçamento de 2021, o consenso era de que a taxa Selic ia até 5%. Imagine R$ 1,5 bilhão de despesa financeira a mais que não estava previsto no orçamento. Além disso, tivemos algumas majorações significativas de impostos ao longo desse período: mais R$ 1,5 bilhão de imposto. De repente, eram R$ 3 bilhões para recuperar nas operações num quadro recessivo. Então é um contexto extremamente desafiador, árido, difícil. É difícil para todos os varejistas brasileiros. Inclusive, alguns entraram em recuperação judicial por conta desse período macroeconômico.”

Publicidade

Vários varejistas, de maior ou menor porte, de fato, tiveram de recorrer à Justiça pedindo proteção judicial para suas dívidas. A Americanas, derrubada por uma fraude contábil, fez isso em janeiro do ano passado. A Casas Bahia, outra concorrente importante do Magazine Luiza, fez um acordo extrajudicial com seus credores no mês passado.

Por isso, segundo Frederico, o que aconteceu no primeiro trimestre em sua empresa foi “um feito histórico”. “Os números falam. O crescimento de 54% do Ebitda (geração de caixa), aumento de 2,6 pontos de margem (bruta, para 29,9%); além de uma margem Ebitda de 7,4% (que mede a eficiência operacional e geração de caixa) no primeiro trimestre, que é de sazonalidade muito ruim. E ainda tivemos 40% de queda de despesa financeira”, disse. “Nunca tivemos um trimestre com uma evolução tão significativa na rentabilidade.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.