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‘Nunca vi mercado tão sensível’, diz Lula após repercussão negativa de crítica à estabilidade fiscal

Petista defendeu gastos públicos com programas sociais e minimizou instrumentos de controle de despesas

Foto do author Lauriberto Pompeu
Foto do author André Borges
Por Lauriberto Pompeu e André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repetiu pela segunda vez nesta quinta-feira, 10, críticas ao mercado financeiro. Após ter feito um discurso nesta manhã em que faz pouco caso da “tal estabilidade fiscal” e pregou ampliação de gastos públicos, houve uma reação imediata na Bolsa de Valores de São Paulo, que fechou o dia em queda de 3,35% aos 109.775 pontos. Com reação inversa, o dólar encerrou o último pregão no terreno positivo. A moeda americana se valorizou 4,14% cotado a R$5,39 no mercado à vista.

Ao comentar a reação negativa, Lula chamou os agentes do mercado financeiro de “sensíveis”. “Nunca vi mercado tão sensível quanto o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos de Bolsonaro”, afirmou o petista no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, onde funciona a sede do governo de transição.

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Nesta tarde, o vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), tentou passar panos quentes na situação e disse que, quando foi presidente nos mandatos anteriores, Lula sempre teve responsabilidade fiscal.

“O presidente Lula já foi presidente da República, e que assumiu o governo com uma dívida de praticamente 60% do PIB, e quando transferiu o governo era menos de 40% do PIB. Baixou de 60% para 40% a dívida sobre PIB, e teve resultado primário, superávit primário, todos os anos. Se há alguém que teve responsabilidade fiscal, foi o governo Lula”, afirmou o ex-tucano.

As falas acontecem no mesmo momento em que a equipe do presidente eleito tenta aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que pretende abrir abrir um rombo de cerca de R$ 170 bilhões no teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à inflação do anterior. A proposta é uma maneira de abrir caminho para promessas de Lula durante a campanha eleitoral deste ano, como pagar o Bolsa Família de R$ 600 e aumentar o valor do salário mínimo.

Como mostrou o Estadão, ganhou força na equipe de transição a opção de retirar as despesas do auxílio social do teto de forma permanente, o que desagradou o mercado. Para o setor financeiro, a saída que vem sendo negociada pela equipe de transição, que também teria de ser feita via PEC, pode deteriorar a trajetória de sustentabilidade da dívida pública.

Na saída, Lula ainda comentou sobre o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa federal que financia a graduação de alunos, permitindo que o estudante pague pelo curso depois que conclui-lo. “O Fies não é dívida, é um investimento público”, comentou o presidente eleito, ao defender o programa que foi criado na gestão de Fernando Henrique Cardoso e, depois, ampliado no governo petista.

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Lula está em Brasília para uma série de compromissos, como reuniões com presidentes dos Poderes e encontro com parlamentares aliados. O petista volta ainda nesta quinta para São Paulo e na semana que vem vai participar da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-27).

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