Publicidade

‘Open banking’ coloca fintechs e bancos em pé de igualdade, diz BC

Segundo diretor do órgão regulador, competição aumentará seja qual for o nível de concentração do sistema financeiro

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

O “open banking”, sistema que vai permitir o compartilhamento de dados bancários de clientes, é a aposta do Banco Central para fomentar a concorrência no mercado financeiro porque coloca bancos e fintechs em pé de igualdade, afirmou o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello. O aumento da competição ocorrerá, segundo ele, independentemente do nível de concentração do sistema financeiro.

“O ‘open banking’ é uma iniciativa, inclusive no caso do Reino Unido, de fomento à competição. Nós, do BC, temos procurado esclarecer que o importante é estimular a concorrência, que traz melhores produtos, a custo mais baixo para o cliente. A concorrência pode acontecer com concentração alta ou baixa. A competição é o que importa”, disse Pinho de Mello, durante evento sobre o tema promovido ontem, em São Paulo, pelo escritório Focaccia, Amaral e Lamonica Sociedade de Advogados (FAS Advogados). 

Foco.Adoção de plataforma integrada de dados e serviços financeiros foi tema de evento Foto: Felipe Rau/Estadão

PUBLICIDADE

O BC abriu consulta pública sobre o sistema na semana passada, que seguirá até o dia 31 de janeiro de 2020. A ideia da autoridade monetária é que o processo seja separado em quatro fases, sendo que a primeira deve ser implementada até o fim deste ano.  Segundo Pinho de Mello, a aposta do BC em colocar o “open banking” como um vetor de aumento da concorrência no mercado financeiro brasileiro é parecida com o cadastro positivo, mas com um escopo maior. “Se houver um acesso simétrico de todos os potenciais provedores de serviços financeiros à mesma informação, isso naturalmente aumenta a concorrência, porque coloca em pé de igualdade uma financeira, fintechs, bancos tradicionais no intuito de fazer a mesma proposta de um produto financeiro”, explicou. 

“O ‘open banking’ tem missão ampla no sentido de tornar o sistema financeiro mais eficiente, promover a inovação, estimular a concorrência e a inclusão”, reforçou.

O diretor-geral de negócios de varejo do Itaú Unibanco, Márcio Schettini, vê na implementação do sistema desafios às grandes instituições financeiras. “Primeiro, teremos o desafio da atualização tecnológica, depois teremos de entender o que significa trabalhar com mais players e parceiros, que somarão à nossa capacidade de fazer negócios”, avaliou. Segundo Schettini, outro ponto importante para os grandes bancos é “entender a nova necessidade do cliente.”

‘Licença light’

Na opinião do sócio do escritório FAS Advogados, Pedro Eroles, dentre as alternativas possíveis, o BC poderia criar uma ‘licença light’ para permitir que instituições não supervisionadas pela autoridade monetária tenham acesso direto ao “open banking”. “Não tem como deixar empresas como o Ebanx, que já tem valor de unicórnio, fora do sistema ou à margem dele, somente via parcerias com as instituições supervisionadas”, avaliou Eroles. Pelo desenho atual da regulação, esses players só poderão se conectar de forma indireta por meio dos bancos e demais empresas que estão sob o guarda-chuva de supervisão da autoridade monetária e únicos autorizados nessa primeira etapa.

Publicidade

Pinho de Mello, do BC, comentou pela primeira vez esse ponto e disse que a autoridade monetária pretende endereçar esse assunto em algum momento. “Dá para resolver dentro do próprio arcabouço existente hoje”, afirmou, sem mais detalhes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.