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‘Defendemos que parcelado seja limitado para ter um freio de arrumação’, diz presidente da Febraban

Isaac Sidney defendeu ainda em almoço de fim de ano com dirigentes do setor que o Brasil tenha um mercado de crédito com menos intervenção estatal

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Matheus Piovesana (Broadcast), Cynthia Decloedt (Broadcast) e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou nesta sexta-feira, 1º, ser preciso encontrar maneiras para que o risco do parcelado sem juro no cartão de crédito seja remunerado.

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“O assunto tem envolvido a indústria bancária, e falta a racionalidade econômica nesse debate”, disse durante almoço de fim de ano dos dirigentes de bancos.

“Nunca defendemos o fim do parcelado sem juro e estamos preocupados com o empilhamento de parcelas (de compras parceladas sem juros)”, completou.

Ele acrescentou, entretanto, que confia no avanço na interlocução com a Fazenda. “Vamos encontrar um caminho para que o juro seja remunerado e estamos defendendo a limitação do parcelado sem juro”, disse.

Isaac Sidney disse que bancos estão preocupados com o empilhamento de parcelas de compras parceladas sem juros Foto: Celso Doni/Febraban

O presidente da Febraban afirmou ainda que os bancos estão preocupados com o produto e não em remunerar os acionistas das instituições financeiras.

Crédito rotativo

Sidney disse ainda esperar que o Banco Central olhe de forma “prudencial” a questão do crédito rotativo. Ele afirmou que, apesar do prazo apertado, até o final deste mês espera que o setor encontre uma solução de consenso para autorregular o produto, evitando o teto de juros imposto pelo Congresso, de 100% do valor original da dívida.

“Minha expectativa é de que o próprio BC, como regulador, possa endereçar esse tema sob a ótica prudencial”, disse a jornalistas. “Se os elos da cadeia tiverem a compreensão para que nós encontremos um caminho e todos percam um pouco, podemos achar um caminho.”

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Ele voltou a dizer que as empresas de maquininhas que não pertencem a bancos, as chamadas independentes, têm defendido o modelo do parcelado sem juros porque ganham com ele, ao levar os comerciantes a anteciparem recebíveis mediante taxas que, segundo ele, são altas. A Febraban afirma que para que os juros do rotativo caiam, é necessário limitar o parcelado sem juros, que, segundo a entidade, é remunerado pelo rotativo.

“Hoje, no Brasil, 75% dos recebíveis não são remunerados. Nós temos uma inadimplência de 50% nessa linha (o rotativo)”, afirmou ele. Sidney disse que não necessariamente o BC vai aceitar uma limitação do parcelado, sugerida pela Febraban, mas que espera uma decisão técnica.

Ainda de acordo com ele, a autorregulação não deve ter taxa acima da imposta pelo Congresso, embora possivelmente traga pontos que, na visão do setor, serão menos rígidos.

“Essa foi a opção do legislador, de fazer com que o rotativo tenha um cap. Eu acho isso ruim, mas de toda sorte, não estamos com uma proposta finalizada.” Os bancos esperam que uma proposta esteja finalizada nas próximas semanas, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN), que terá de validar a autorregulação, se reúne pela última vez neste ano.

Se até lá uma proposta não for aprovada, passa a valer o teto criado pelo Congresso, visto pelo setor como pouco detalhado, o que abre margem para insegurança jurídica.

Intervenção estatal

O presidente da Febraban afirmou ainda ser importante que o Brasil tenha um mercado de crédito com menos intervenção estatal. “Emprestar dinheiro custa dinheiro”, disse em debate com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Ele disse que 80% do spread bancário no Brasil vem dos custos da intermediação financeira. “Andamos casas importantes no tabuleiro com marco de garantias”, disse.

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“Vamos trabalhar no Congresso (em vetos ao marco de garantias)”, disse. No marco das garantias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o trecho que permitia a retomada de veículos pelos bancos sem processo judicial, o que, segundo as instituições, impediu uma melhoria na retomada de garantias no financiamento automotivo.

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