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Petrobras pode comprar Braskem e sair depois, se não houver outro comprador agora, diz Prates

De acordo com o presidente da estatal, plano é, no final do processo, ficar com 50% do capital votante da petroquímica e ter uma gestão compartilhada

Por Gabriel Vasconcelos (Broadcast)

HOUSTON - O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta quarta-feira, 8, que, se não surgir um comprador para a fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem, a estatal pode realizar a compra e “sair” em seguida. Prates sugeriu que o objetivo da estatal é igualar a participação na Braskem com um novo sócio experiente no setor, para exercer um controle compartilhado na petroquímica. Um eventual exercício de compra da fatia à venda, para a qual a Petrobras tem preferência, seria, portanto, uma medida excepcional, mas possível.

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Ele fez as afirmações ao canal especializado EPBR. Na segunda-feira, a Adnoc, de Abu Dhabi, que havia feito uma proposta pela fatia da Novonor na Braskem, anunciou a desistência do negócio. Em viagem aos Estados Unidos, Prates chegou a minimizar o acontecido e disse que novas propostas virão.

“Fizemos nosso dever de casa, nossa due diligence, a auditoria dos ativos, todo esse trabalho muito meticuloso. Sabemos tudo de Braskem e estamos prontos para fazer o nosso movimento. E, não havendo comprador, podemos até eventualmente fazer a aquisição e sair de novo, fazer um ‘farmout’ de participação nós mesmos. Ou podemos, obviamente, assistir a esse processo, participar dele e não exercer a opção (de compra) ao final, em função de o sócio ser adequado e das proporções e acordos serem satisfatórios para nós”, disse Prates.

Antes, Prates foi explícito ao dizer que a Petrobras tem hoje pouco menos da metade do capital votante da Braskem (36,1% do capital total da Braskem e 47% do capital votante) e planeja “ir até a metade” para que um novo sócio chegue em igualdade de condições com a estatal.

Segundo Prates, esta é a chance de a Petrobras ter um controle compartilhado na Braskem Foto: Pedro Kirilos/Estadão

“É a chance de colocarmos, no mínimo, um co-controle nessa empresa, que é muito importante para nós, na nossa visão de gestão atual, liderada pelo presidente Lula”, disse Prates, destacando a orientação de Lula de sua gestão “analisar seriamente petro-gás-bio-química”.

“Seguindo essa diretriz, estamos olhando para esse processo da Braskem como uma oportunidade de igualar com quem vier, ficar ‘fifty-fifty’, e a partir daí ter a empresa revitalizada, renovada. Para isso precisamos que esse sócio tenha capacidade financeira indiscutível, além de capacidade técnica, intimidade com esse setor de petroquímica, no mínimo igual ou maior que a nossa”, afirmou.

Relação com Adnoc

Prates definiu a relação da Petrobras com a Adnoc como “excelente” e disse haver outras coisas em discussão com a empresa dos Emirados Árabes. Ele citou, para além das negociações que vinham acontecendo entre o grupo e a Novonor, possibilidades diretas com a Petrobras, como parcerias tecnológicas, avaliação de atividades em exploração e produção de petróleo e gás e interesse em subsidiárias na questão de fertilizantes.

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Segundo ele, a desistência da Adnoc do negócio com a Braskem não tem a ver com o passivo ambiental em Maceió, onde houve afundamento do solo próximo a minas de sal-gema. Prates definiu essa questão como “já bem macerada”

“Acho que foi decisão deles mesmos, tendo feito outras aquisições talvez mais rápidas, houve uma aquisição importante de um grupo turco, talvez queiram dar um tempo para digerir as coisas. Ele também citou a dinâmica de passivos tributários que aparecem no balanço das empresas no Brasil e costuma ser judicializado, assustando empresas com cultura contábil diferente. “Isso aparece como uma coisa instável, um pouco preocupante”, disse.

* O repórter viajou a convite da Petrobras

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