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PF: fraude envolve cerca de 20 funcionários da Receita

Por Sônia Filgueiras
Atualização:

O diretor executivo em exercício da Polícia Federal, Rômulo Berrêdo, informou nesta tarde que, entre os 100 mandados de prisão expedidos pela Polícia Federal na Operação Vulcano, cerca de 20 foram dirigidos a funcionários da Receita Federal. Além dos 100 mandados de prisão foram expedidos também 220 mandados de busca. A operação abrange os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. As investigações, que apontaram prejuízos de mais de R$ 600 milhões aos cofres públicos, identificaram esquemas fictícios de exportação de pneus, de insumos e matéria-prima para fabricação de cerveja e chope e material de embalagem. Essas exportações eram realizadas por Cáceres (MT), Corumbá (MS) e Guaíra (PR). No caso dos pneus, a Receita e a Polícia Federal informaram que eram produtos fabricados no Brasil, sendo uma das origens a cidade de Americana (SP), como se fossem para exportação. Para burlar o monitoramento via satélite, os veículos seguiam até a fronteira, mas a carga era retirada em São José do Rio Preto, para posteriormente ser desviada para o mercado interno. No caso da exportação de matéria-prima para cerveja e chope, observou-se que as "mercadorias não eram apresentadas no recinto aduaneiro para conferência, porém servidores da Receita atestavam fraudulentamente a existência da carga e concluíam o procedimento da exportação". Com isso, a documentação necessária para fechar a operação de câmbio estava pronta. A identificação dessas operações fraudulentas de câmbio levou as autoridades à conclusão de que o esquema envolvia doleiros, e as operações foram enquadradas em crime de lavagem de dinheiro. Foram ainda identificadas operações fraudulentas de importação de têxteis, alimentos e derivados de petróleo, como nafta, com subfaturamento de preços e fraude de origem. As roupas tinham como origem a China e eram certificadas falsamente como da Bolívia. Com isso, recebiam o benefício do imposto de importação menor, por causa do acordo de cooperação entre Brasil e Bolívia. Além disso, quantidades e pesos das mercadorias eram informados com irregularidade. A Polícia Federal não divulgou os nomes de empresas nem de funcionários suspeitamente envolvidos. A operação mobilizou 280 servidores da Receita Federal e 600 da Polícia Federal e até por volta das 17 horas a informação era de que 88 pessoas já tinham sido presas.

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