O Brasil tem todas as condições de se tornar uma das principais potências econômicas nas próximas décadas, mas para isso precisa ser mais atrativo para os investidores estrangeiros. O processo de reformas não pode ser negligenciado, tampouco a necessidade de mudanças no sistema legal que ofereçam mais segurança e estabilidade para uma aposta de longo prazo no País. Essa é uma das principais mensagens que o prefeito da City londrina, ou Lord Mayor, Michael Savory, transmitirá a autoridades e líderes empresariais brasileiros entre os dias 11 e 14 de setembro, quando visitará o País O prefeito alertou que a crise política não pode prejudicar o ambiente para negócios, sob o risco de afugentar os investidores. "Problemas de corrupção existem em todos os países, mas é preciso sempre se buscar os padrões mais elevados de probidade", disse Savory. "É importante que esses problemas não afetem ou segreguem os negócios." A City londrina é considerada o principal centro financeiro do mundo, responsável por 44% do mercado acionário internacional, um movimento cambial diário de quase US$ 1,5 trilhão, e é líder na indústria de seguros. Além de administrar a City, Savory - um ex-diretor do HSBC - procura fortalecer as conexões das instituições financeiras do mercado londrino em outras regiões do mundo. Além do Brasil, ele visitará a Argentina e o Chile. Durante sua passagem pelo Rio, Brasília e São Paulo, ele vai se encontrar com vários ministros, entre eles o da Fazenda, Antônio Palocci, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e líderes empresariais. Um dos objetivos da visita ao Brasil será o de avaliar as perspectivas das eleições do próximo ano. "Queremos ver as implicações das eleições, não acreditamos que haverá um grande impacto para os negócios, mas vamos conhecer a questão mais a fundo", disse. Segundo Savory, o Brasil precisa sofisticar seu mercado financeiro pois isso é um ingrediente importante para a sua crescente posição de destaque no comércio mundial. "O estímulo da poupança e a diversificação de sua aplicação é outro requisito importante", disse. Além disso, segundo ele, novas reformas no sistema legal e nas regulamentações devem assegurar aos investidores uma transparência total e inquestionável de contratos. "O Brasil ainda não capta capital internacional da maneira que poderia", afirmou. Outra sugestão que será apresentada por Savory - defendida há tempos por autoridades e instituições britânicas - é uma maior a abertura do mercado de resseguros brasileiro a grupos estrangeiros. "Atualmente para se atuar em resseguros no Brasil é preciso se ter uma empresa sediada no País, com capital também baseado lá", disse. "Mas hoje o capital é internacionalizado, sem fronteiras." Segundo ele, as regras não precisam evitar "encarecer as operações de resseguro no Brasil". Durante sua passagem no Brasil, Savory pretende discutir a experiência britânica com as Parcerias Público Privadas (PPPs) e com os negócios dos créditos de carbono. Além disso, ele quer estimular operações de captações financeiras por grupos brasileiros na City londrina. "Vamos patrocinar a vinda de profissionais do mercado financeiro brasileiro para Londres como uma forma de aproximar ainda mais as nossas relações", disse.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.