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Preservação pode evitar perdas com eventos climáticos extremos

Relatório da FAO aponta que mudanças climáticas trazem prejuízos para produtores rurais de todo o mundo

Por EFE

A guinada pela sustentabilidade no campo tem tudo para favorecer o próprio segmento. De acordo com o relatório “O Impacto de Catástrofes na Agricultura e Segurança Alimentar”, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), eventos climáticos extremos geraram uma perda anual de € 123 bilhões (por volta de R$ 656 bilhões) em plantações e na criação de gado, o que equivale a 5% de toda a produção mundial.

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Conforme o relatório, a frequência de desastres ambientais tem aumentado, passando de uma média de 100 eventos por ano, na década de 1970, para 400 nos últimos 20 anos.

De acordo com a FAO, os países em desenvolvimento e subdesenvolvidos são os mais afetados por condições climáticas extremas, experimentando perdas de 10% a 15% de sua produção anual total.

Leste, centro e sul da África são as regiões mais impactadas por essas perdas, seguidas pela América do Sul, Europa Oriental e Caribe. A destruição de cultivos e gado também afeta a ingestão de nutrientes, resultando em uma redução de 146 calorias de energia alimentar consumida por pessoa em nível global entre 1991 e 2021, segundo a FAO. Isso equivale à necessidade média de cerca de 400 milhões de homens ou 500 milhões de mulheres ao longo de um ano.

Eventos como chuvas extremamente intensas e secas fortes podem ocorrer simultaneamente no Brasil devido às mudanças climáticas Foto: Tamara Reche Marzzaro / Prefeitura de Nova Bassano

Produção

Os cereais são o principal produto afetado, com uma média de 69 milhões de toneladas perdidas por ano – equivalente a toda a produção da França. Além disso, frutas e vegetais desperdiçados totalizam 40 milhões de toneladas, e carne, ovos e laticínios somam um total de 16 milhões de toneladas.

O relatório destaca que “a mudança climática está contribuindo para o aumento da incidência de ameaças, resultando em maior vulnerabilidade e exposição, e uma diminuição na capacidade de resposta das pessoas e sistemas”.

Além dos eventos climáticos extremos, a FAO aponta que outras emergências, como epidemias e conflitos armados, também causam grandes perdas na produção de alimentos. Por exemplo, a pandemia de covid-19 teve um impacto significativo em países com insegurança alimentar, resultando em uma redução de até 50% na produção agrícola devido à falta de mão de obra e equipamentos mecanizados. Epidemias como a peste suína também levaram a uma redução de 26% na produção de carne suína na China, causando aumento nos preços globalmente.

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Guerras

Conflitos armados em países como Somália, Síria e Ucrânia têm efeitos marcantes na produção e fornecimento global de alimentos, afetando especialmente a crise de grãos no leste da Europa, que tem repercussões notáveis na África. O relatório conclui que as pesquisas sobre o impacto das mudanças climáticas na agricultura indicam que é provável que haja anomalias mais frequentes nos rendimentos e uma redução na produção agrícola.

A FAO fez um apelo para aumentar os indicadores e fontes de informação a fim de desenvolver “intervenções proativas e oportunas” que possam “aumentar a resiliência e reduzir os riscos”. Segundo a FAO, das perdas totais, 26% são atribuídas a temperaturas extremas, 19% a secas, 26% a inundações e 10% a incêndios.

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