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Reformulação do Proagro abre nova via de atrito entre agronegócio e governo Lula

Bancada ruralista critica limitação a público elegível ao seguro rural e cobra explicações sobre o redirecionamento dos recursos que serão economizados

Foto do author Isadora Duarte
Foto do author Bianca Lima
Por Isadora Duarte (Broadcast) e Bianca Lima

BRASÍLIA – A reformulação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), com o corte no limite de produtores que podem acessar o seguro, reacendeu a animosidade entre o Executivo e parte do agronegócio. As mudanças foram realizadas pelo governo federal, sob a chancela dos ministérios da Fazenda e da Agricultura.

Representantes do setor privado avaliam que o governo deixou parte dos pequenos produtores desprotegidos das eventuais perdas nas lavouras em nome de uma economia prevista de R$ 3 bilhões. Para uma liderança do segmento, ouvida pelo Estadão/Broadcast, o governo “jogou o sacrifício” da contenção e revisão de despesas sobre a agricultura familiar.

Presidente Lula busca aumentar a popularidade junto ao segmento rural, mas acumula rusgas com o agronegócio. Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

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A maior parte do setor diz concordar com o aperfeiçoamento do Proagro, após registros de fraudes na implantação do programa nos últimos anos. O ponto de divergência, entretanto, é a redução do escopo de produtores enquadrados – de R$ 335 mil de receita bruta por ano para R$ 270 mil. As críticas partem, principalmente, da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

O líder da bancada ruralista cobra do governo explicações sobre o redirecionamento dos recursos que serão economizados por meio do Proagro. “Hoje, o programa de seguro rural (PSR) não atende sequer o público anterior com R$ 964 milhões de orçamento. Esse dinheiro do Proagro vai para o PSR, vai para o Plano Safra, vai para onde?”, questionou Lupion.

É uma atitude que vai frontalmente contra o que o governo diz defender, que é o pequeno produtor. R$ 10 bilhões de gastos (despesas do Proagro em 2023) são excessivas, mas a faixa de corte do governo foi muito alta

Deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA

“Concordamos com a revisão, mas o seguro hoje é emergencial e precisa haver dinheiro disponível para produtores terem cobertura”, cobrou.

A ressalva é corroborada por outros parlamentares, até mesmo da base governista. Um deputado ligado à agricultura familiar diz que há preocupação legítima com o Orçamento e o cumprimento do novo arcabouço fiscal, mas que isso “não pode ser ao custo do pequeno produtor”.

O governo busca aumentar a popularidade junto ao segmento rural, mas acumula rusgas com o agronegócio. No ano passado, os cortes no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural desagradaram ao setor.

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Na última semana, as invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a 30 áreas trouxeram novo desgaste no relacionamento entre setor produtivo e governo.

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