O avanço da atividade econômica em todo o mundo no ano que vem está diretamente ligado à vacina contra a covid-19. Os países que conseguirem vacinar primeiro sua população largam na frente nessa disputa pela retomada do crescimento. Mas há uma expectativa de que isso ocorra o mais rápido possível, mesmo no Brasil, onde ainda não está claro qual vacina estará disponível e quando.
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“Acho que a lição que ficou do que estamos vendo na Europa é que o risco de um lockdown horizontal é menor e, ao mesmo tempo, as campanhas de vacinação no mundo estão andando rápido e no Brasil podem acontecer em março ou até antes”, diz Guilherme Loureiro, economista-chefe da Trafalgar Investimentos. Ele espera um crescimento de 4% a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021, com um programa de vacinação no primeiro trimestre do ano.
Nesta quinta-feira, 3, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB teve crescimento recorde de 7,7% no terceiro trimestre, resultado que ficou abaixo do esperado pelo mercado financeiro e ainda é insuficiente para recuperar as perdas acumuladas no ano.
Em evento para o lançamentoda carteira do Índice de Sustentabilidade (ISE) para 2021, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, também disse acreditar num ano melhor, com a chegada de uma vacina. “Este ano foi muito diferente, muito desafiador, mas estamos terminando com viés de alta, com a esperança de uma vacina", disse.
A verdade, porém, é que, embora a questão da vacinação esteja avançando em países como a Inglaterra - onde já foi marcada data para o início -, ainda está bem pouco claro quando isso se dará aqui no Brasil. As vacinas com as quais o País tem acordo de compra não estão prontas. Com as que estão mais próximas de serem liberadas para a população no mundo, o governo não tem acordo. Essa indefinição pode ser um entrave ao crescimento.
Preocupação com aumento dos casos da covid-19
Para Patrícia Krause, economista-chefe da Coface, o principal risco no radar para a atividade econômica brasileira é exatamente um recrudescimento do número de casos de covid que justifique o endurecimento das medidas de distanciamento social. Até agora, ações como as tomadas pelo governo do Estado de São Paulo não são suficientes para criar um tombo na atividade, segundo a economista, mas acendem uma luz amarela.
"Por ora eu acho que o auxílio emergencial não vai ser estendido e nós temos uma melhora da arrecadação pelo lado fiscal, mas existe um risco, principalmente olhando para o primeiro trimestre de 2021", diz a economista. No seu cenário-base, com manutenção do teto dos gastos e fim do benefício emergencial, ela vê um crescimento de 2,8% do PIB no ano que vem.
De acordo com Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs para a América Latina, "a atividade econômica atingiu o piso em abril e, desde então, tem se recuperado em ritmo sólido". A expectativa é que a retomada prossiga nos próximos meses, ajudada por uma série de fatores, entre eles, os estímulos monetários e fiscais, as condições financeiras externas e internas mais favoráveis, a recuperação internacional dos preços das commodities e a retomada do crescimento da economia mundial. Pelo lado dos riscos, ele destaca que o quadro da pandemia de coronavírus no Brasil ainda é complexo, o mercado de trabalho está deteriorado e medidas emergenciais pelo lado fiscal deverão ser retiradas. Com isso, a atividade vai seguir se recuperando, mas em ritmo menos forte que o observado até agora. O fator que pode ajudar o PIB a ter uma nova aceleração, segundo o economista, é exatamente a vacinação da população.
Na análise dos economistas do Citi para Brasil, Leonardo Porto e Paulo Lopes, acovid-19 é a grande incógnita para a recuperação da economia. No curto prazo, há umacrescente evidência de uma segunda onda de coronavírus no País, que deve diminuir o fôlego de crescimento de forma significativa no quatro trimestre e no começo de 2021. Mas, pelo lado positivo, a chegada da vacina para o coronavírus, provavelmente no segundo trimestre do ano que vem, pode abrir espaço para a reaceleração da atividade.
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