BRASÍLIA - Mesmo com um texto repleto de jabutis, como são chamados trechos estranhos ao teor da proposta original, e benefícios para diversos Estados, a aprovação da Medida Provisória da privatização da Eletrobrás não será fácil. O Senado já discute a proposta há quase seis horas, mas não há consenso entre os senadores sobre o parecer de Marcos Rogério (DEM-RO). Nos bastidores, o governo tenta garantir mais votos para passar a proposta, que, se aprovada, será o primeiro projeto de privatização com aval do Congresso na gestão de Jair Bolsonaro.
A princípio, a votação da MP estava prevista para quarta-feira, 16, mas senadores questionaram o prazo para analisar o parecer, que foi apresentado apenas durante a sessão. Para atender os pleitos, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), suspendeu a sessão. A sessão desta quinta-feira, 17, começou com atraso, às 10h52.
Desde a noite de quarta, o relator também trabalha para garantir votos favoráveis a suas propostas. Marcos Rogério manteve a proposta aprovada pelos deputados, mas incluiu novos dispositivos - que podem encarecer ainda mais as tarifas de todos os consumidores. A sessão chegou a ser interrompida por 30 minutos para que o senador tivesse mais tempo para se preparar para apresentar a complementação do parecer aos demais parlamentares. No momento da leitura, o texto oficial ainda não tinha sido divulgado oficialmente.
Enquanto o governo trabalha para garantir uma vitória a Bolsonaro no Senado, o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), é um dos seis senadores que não registraram presença na sessão. Além dele, não participam da discussão o ex-presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Márcio Bittar (MDB-AC), Renan Calheiros (MDB-AL), Maria do Carmo Alves (DEM-SP) e José Serra (PSDB-SP). Até às 16h30, 75 senadores registraram presença.
Apesar do discurso de buscar “um texto de convergência”, Marcos Rogério não conseguiu construir consenso na Casa. O texto foi duramente criticado por senadores -alguns cobraram estudos mais claros sobre impactos da matéria, outros tentam adiar a votação para a próxima semana. Esse cenário aumentaria ainda mais o risco para o Executivo. Caso o parecer tenha aval do plenário, terá que voltar para a Câmara. O prazo será curto, pois o texto precisa ser analisado até a próxima terça-feira, 22, para não perder a validade.