Em sua nova série da Netflix, “Trabalho”, Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, explora as preocupações e esperanças dos trabalhadores. Em entrevista ao Linkedin News, ele fala sobre a série, inspirada no livro “Working” de Studs Terkel. Obama também expõe suas opiniões sobre como ser um funcionário que se destaca, como encontrar propósito no trabalho e o impacto da inteligência artificial (IA) no mercado.
Obama compartilhou conselhos para os profissionais mais jovens. O primeiro é a importância de apresentar soluções.
Ele enfatizou que, embora seja crucial ter habilidades para descrever problemas e explicar por que algo deu errado, é igualmente importante encontrar pessoas que digam: “Deixa que eu cuido disso”, independentemente do tamanho do problema.
A atitude de resolver o que for necessário chamará a atenção dos líderes e demonstrará iniciativa.
O segundo conselho do ex-presidente é se preocupar mais com o que se quer fazer do que com quem se quer ser. Ele destacou que as pessoas mais bem-sucedidas que ele conhece são aquelas que demonstram interesse genuíno em fazer algo específico.
Ao se envolver profundamente com uma tarefa ou projeto, duas coisas acontecem, segundo ele: a pessoa se torna habilidosa naquilo que faz e, independentemente do reconhecimento externo, a jornada se torna gratificante.
Crises econômicas e tecnologia mudam trabalho
Obama disse que estamos em um momento de disrupção no trabalho. Ele cita alguns aspectos dos últimos anos que afetaram o emprego, como crises financeiras globais, recessões econômicas, pandemia de covid-19, desenvolvimento da automação e a globalização.
“Estamos no ápice de ainda mais perguntas em consequência de novas tecnologias, como a IA. Isso significa que nós provavelmente teremos que repensar como o nosso trabalho é organizado, como nossas economias são organizadas.”
O entrevistador, Daniel Roth, observou que Obama focou nas situações cotidianas relacionadas ao trabalho. Ao ser questionado sobre qual era o objetivo desse enfoque, o ex-presidente disse: “Minha esperança era abrir uma janela para a vida das pessoas. A arrumadeira de um hotel, a pessoa que está entregando sua comida, a pessoa que está cuidando dos seus parentes idosos. Isso informa como devemos debater políticas públicas mais abrangentes.”
Equilíbrio entre trabalho e vida
Segundo o Linkedin News, o desejo de encontrar trabalhos alinhados com os valores pessoais é maior para os millennials (nascidos entre 1980 e 1994) e para a geração Z (nascidos entre 1995 e 2015).
“Eu e Michele dizemos para as nossas filhas: Escutem, alguns trabalhos são apenas rotina. Você faz algo que é útil ao seu empregador, a pessoa que está te pagando, e pode não ser divertido. Está tudo bem, porque isso significa ser um adulto”, diz Obama sobre a questão.
Ele ressalta que muito do que é importante na vida pode não vir por meio do trabalho. “Muitos dos seus amigos podem não ser as pessoas com quem você trabalha. A sua família, as horas em que você está em casa, tudo isso será provavelmente mais significativo”.
Para ele, a solução é um equilíbrio. É desejável que os jovens busquem trabalhos interessantes para eles, mas que não encarem isso como substitutos de outros aspectos da vida, como voluntariado, família, amizades e engajamento cívico.
Impacto da inteligência artificial
Questionado sobre o impacto da IA na próxima geração, Obama reconheceu que a automação já transformou poderosamente diversos setores, mas alertou que ainda não vimos todo o potencial disruptivo da IA.
Ele observou que, enquanto se costumava dizer que a resposta para a automação no setor manufatureiro era treinar os trabalhadores para tarefas de “conhecimento”, agora os algoritmos estão começando a desempenhar funções semelhantes.
Isso levará a profundas mudanças e exigirá uma reflexão sobre questões relacionadas ao trabalho e ao emprego, de acordo com o ex-presidente. “Ainda não estamos prontos para essa conversa, mas isso está vindo rapidamente até nós”, afirmou.