Dos 73 anos de idade, mais de 30 são como CEO, dos quais 25 são na própria empresa. Chieko Aoki fundou a rede de hotéis Blue Tree para colocar a hospitalidade às pessoas no centro das decisões. E é dessa forma que ela diz também fazer uma boa gestão de pessoas.
A questão etária e de gênero nunca foram um problema ao longo da carreira, afirma ela, que atribui isso ao tipo de relacionamento que mantém com todos ao redor. “Fui ficando mais amiga delas.” E a maturidade também lhe trouxe novas visões para gerir o negócio.
“Quando eu era jovem, queria ver as coisas mais ‘preto no branco’ e, com a idade, entendo que para uma solução, tem várias questões a analisar. Às vezes, não consigo chegar no preto, mas se chegar no cinza mais próximo, eu valorizo, porque isso vai me dar mais resultado”, diz.
Esse modo de pensar vale também para a forma como evoluiu ao se relacionar com os liderados. “A gente acaba enxergando o ser humano com capacidades e dificuldades. Acho que entendo mais a dificuldade das pessoas, sou mais compreensiva.”
O mesmo vale para lidar com as gerações mais novas, com quem diz aprender e confiar, afinal, estão mais inseridos nas tecnologias, vivendo o momento das transformações. Aqui, há uma lucidez que também costuma vir com a idade: “Cada um sabe o seu limite, do que sabe e o que não sabe, e tem muito mais coisa que eu não sei”.
Para Chieko, a liderança foi se construindo com o tempo, a partir do amadurecimento dela e da equipe, sendo que, quando jovem, era chamada de mandona, lembra. “Hoje, eu delego mais, gosto de delegar, de dar autonomia”, afirma.
Cada um sabe o seu limite, do que sabe e o que não sabe, e tem muito mais coisa que eu não sei”
Chieko Aoki, fundadora e CEO da rede de hotéis Blue Tree
Mas até chegar ao ponto de delegar, a empresária conta que passou por um processo de aprendizado. Antes, ficava mais tempo com a equipe, aprendendo, compreendendo cada um. “Não é querer controlar, é participar, adquirir experiência, conhecer mais. Quando vejo que as pessoas já sabem fazer, eu delego.”
Porém, há aspectos de que ela não abre mão, pois fazem parte do negócio. “Como turismo e hotelaria têm lazer, as pessoas às vezes confundem nosso trabalho, mas metas têm de ser atingidas, prazos e horários têm de ser cumpridos e, naturalmente, temos de encantar todas as pessoas e stakeholders”, completa. Assim, ela sempre preza pelas regras, enquanto fica com a parte estratégica do negócio, com a visão global e de longo prazo.
Para seguir nesse caminho, Chieko destaca a importância de boas estratégias que precisam ser compartilhadas com a equipe, mas sabendo que precisa de flexibilidade para mudar quando é preciso. Criar um espírito coletivo, aprender o tempo certo de falar, ter paciência e valorizar as pessoas são aprendizados que ela diz ter adquirido com o posto de CEO.
“Antes, eu achava que tudo era importante, mas, na essência, quem faz a tecnologia, o mundo, quem constrói as ideias são as pessoas”, defende.