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Setor de coworkings avança ‘10 anos em 2′ e expande para cidades menores

Setor aposta em bairros longe do centro e cidades menores; espaços são cada vez mais procurados por grandes empresas

Foto do author João Scheller
Por João Scheller

Vai e vem de usuários passando com o laptop debaixo do braço, numa sala de conceito aberto, decorada com sofás coloridos e mesas de uso compartilhado. Espaços de coworking como esse, até pouco tempo dominados por startups e localizados nos grandes centros, chegam cada vez mais a companhias consideradas tradicionais e a cidades menores.

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Com a flexibilização dos modelos de trabalho, muitas empresas passaram e rever a necessidade de ter um espaço próprio e encontraram nos coworkings a opção perfeita para oferecer flexibilidade aos colaboradores e aos próprios planos de expansão. Os principais players do mercado estimam que atualmente cerca de metade de seus clientes sejam compostos por grandes empresas.

“A gente fala que foram dez anos em dois”, afirma Fernando Bottura, CEO da Gowork, rede brasileira de coworkings, com doze unidades em São Paulo, em menção às mudanças trazidas pela pandemia. Ele conta que grandes empresas têm procurado diferentes espaços de trabalho, desde opções onde todo o espaço é destinado a uma companhia, com personalização de decoração e identidade visual, até opções flexíveis, onde os funcionários usam espaços compartilhados com outros usuários.

E, apesar de grande parte dos espaços ainda estar ligado ao setor de tecnologia - 45% dos negócios da WeWork no País, por exemplo, são com companhias de tecnologia e finanças -, os coworkings veem a procura de empresas de outros setores aumentar significativamente.

Além de maior flexibilidade, as mudanças reduzem os custos de aluguel e podem funcionar como um benefício corporativo, como uma espécie de vale-escritório. A corretora de planos de saúde Qualicorp, por exemplo, migrou suas operações para um dos prédios da Gowork. “A gente conseguiu reduzir para eles 41% de custo com escritórios com a mudança para o nosso prédio”, aponta Bottura.

Já a Sky recentemente migrou suas operações para a WeWork em busca de uma mudança de cultura da empresa. “Às vezes a empresa tem sede aqui e às vezes o coworking é uma extensão para que as pessoas possam usar o espaço”, explica o CEO da companhia no Brasil, Felipe Rizzo.

Até mesmo para entender o modelo ideal para cada companhia, os coworkings tem optado por contratos mais flexíveis. “Teve uma empresa que disse que precisava de escritórios para toda a equipe, com os funcionários podendo usar quando e onde quisessem. No final do mês, a gente passava a régua e mandava para eles”, conta Tiago Alves, CEO da IWG no Brasil, multinacional responsável por marcas de coworking como a Regus. Em outros escritórios, os contratos são alterados depois de um determinado período, após a análise dos hábitos de uso dos funcionários.

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Tiago Alves, presidente do grupo IWG no Brasil, afirma que a empresa busca abrir novas unidades de coworking em cidades de médio porte e regiões metropolitanas Foto: Alex Silva/Estadão

Com isso, o perfil dos usuários começa a mudar - e os espaços buscam se adaptar a isso. Se alguns podem ir ao escritório para se encontrar com a equipe e aproveitar as trocas presenciais, outros buscam os espaços como uma opção mais completa para os dias de trabalho remoto.

“Tem pessoas que não têm estrutura para trabalhar de casa, ela precisa ir para o escritório todo dia”, explica Alves, da IWG. “Se perto da minha casa tem um coworking onde eu chego em 15 minutos, e eu preciso ir para o escritório porque eu quero a conectividade do espaço, a segurança física, e um local para receber pessoas, não tem por que perder duas horas do dia indo e voltando do trabalho”.

Nesse sentido, a IWG aposta na expansão para regiões residenciais, cidades de médio porte e nas regiões metropolitanas. Alves cita novas unidades em cidades como Osasco, Goiânia e Ribeirão Preto, apostando em diferentes espaços de implementação, como shopping centers, e contratos de franquia.

CEO da WeWork no Brasil, Felipe Rizzo. A empresa aposta na parceria com coworkings independentes para aumentar sua capilaridade no País Foto: Alex Silva/Estadão

Já a WeWork vê na parceria com espaços de coworking independentes ao redor do País uma oportunidade para atingir cada vez mais clientes e aumentar sua capilaridade. Com o “Station by WeWork” a marca busca criar uma espécie de marketplace de espaços de trabalho, o que inclui, além dos coworkings, espaços como salas de cinema e locais para reuniões em prédios.

“A gente já tem mais de 400 coworkings parceiros dentro da plataforma, estamos presentes em 100 cidades, nos 26 Estados do País e crescendo”, explica o CEO da empresa no Brasil, Felipe Rizzo.

O movimento, porém, não é unânime. Para a Gowork, por exemplo, os planos de expansão ainda se concentram nas regiões com maior concentração de escritórios em São Paulo. “De 2019 até agora, a gente cresceu 68%. E a gente cresceu na Paulista, em Pinheiros, no Itaim e na Vila Olímpia”, explica o CEO da empresa, Fernando Bottura.

Escritório da WeWork na Avenida Paulista Foto: Alex Silva/Estadão

Ele aponta que a maior procura por coworkings de bairro se deu nos primeiros meses de flexibilização das medidas restritivas da pandemia e que agora o foco de quem vai ao escritório é a busca pelas trocas com outros colegas de trabalho. “Eu acho que quem está fazendo esse movimento agora chegou tarde”, opina.

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Ele entende que as mudanças no mercado ainda estão avançando com a chegada de grandes empresas buscando espaços de coworking. Nesse cenário, a Gowork já planeja expandir. A empresa deve entregar duas novas unidades na região da Avenida Paulista ainda este ano.

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