Você foi promovido, acabou de assumir um cargo de liderança e está meio perdido? Não existe receita ou fórmula para se tornar um bom líder. O chefe do futuro não precisa ser um especialista em tudo. Mas é necessário investir tempo para criar conexões mais reais com as pessoas e ter um repertório de mundo mais amplo.
Aqui estão dicas reunidas por especialistas para pessoas que se tornaram líderes e ainda estão inseguras sobre o que fazer:
1. Seja claro e deixe os funcionários falarem livremente
Ter clareza para dizer os erros, acertos e as possíveis melhorias é importante, mas não é suficiente para estabelecer uma comunicação eficaz. Por isso, a habilidade para saber ouvir e compreender as ideias do outro é fundamental, sendo preciso que o interlocutor se sinta à vontade para se comunicar.
“Acredito muito em um ambiente de trabalho em que haja segurança psicológica, garantindo que todos os colaboradores possam expressar suas ideias e sugestões sem o receio de serem repreendidos ou até mesmo ridicularizados”, avalia Daniella Brissac, vice-presidente de marketing da Kenvue, antiga área de saúde do consumidor da Johnson & Johnson.
Os desafios dos chefes novatos estão em equilibrar a produtividade e a saúde mental dos colaboradores. Isso porque, comunicação com ruídos pode gerar informações mal interpretadas, afetar as relações e causar barreiras de progresso das equipes.
“A comunicação eficaz é vital para ganhar confiança, alinhar esforços na busca de objetivos e inspirar mudanças positivas”, afirma Brissac.
2. Seja você mesmo, sem máscaras
Uma chefia que prioriza a autenticidade é aquela que se conecta com o time, entende profundamente o que é ter diversidade e se preocupa em ter uma equipe plural.
“Ser um líder autêntico não é sobre autopromoção, é sobre o time que a liderança gerencia. Então, a chefia está ali para servir”, diz Giuliana Tranquilini, autora do livro “Sua Marca Pessoal” e sóciafundadora da BetaFly, consultoria especializada em marcas pessoais.
Outra característica importante é identificar valores, propósitos e habilidades que o tornam uma liderança diferenciada.
“A autenticidade é ser você da maneira mais genuína. É a forma em que você deveria se apresentar ao mundo. Mas ainda vemos muitas máscaras, principalmente no mundo corporativo”, declara Tranquilini. Ela diz que a inteligência emocional é uma aliada das lideranças desde que seja desenvolvida para além do superficial. Por exemplo, os líderes costumam só falar em inteligência emocional, mas não a praticam no dia a dia.
3. Mostre quem você é e por que faz a diferença
É preciso se destacar e deixar sua marca pessoal no trabalho. Qual o seu diferencial? Um jeito de mostrar isso é apresentando as causas que defende e temas relevantes para os debates.
“Marca pessoal não é autoexposição. É muito melhor você ser interessante do que ser interesseiro. Então, a marca pessoal agrega valor, te permite fazer conexões verdadeiras”, explica Tranquilini.
A nova liderança pode partir de três questionamentos básicos em busca da marca pessoal:
- Quem é você?
- Qual é o seu posicionamento?
- Qual é o diferencial que você tem no mercado e como comunica isso para o seu público?
Na prática, se antes um líder tinha a imagem diretamente ligada à marca empresarial do local em que trabalhava, agora a tendência é de que a pessoa seja associada à sua relevância profissional.
A ideia é que a saída de uma empresa não traga impacto para a identidade e autoestima profissional do gestor. Segundo Tranquilini, as marcas pessoais passam a ter um grau de importância assim como as marcas corporativas.
4. Você não sabe tudo, e vai aprender sempre
A capacidade de liderar em um ambiente cada vez mais dinâmico e complexo é outro desafio, seja no modelo remoto ou presencial.
Daniella Brissac, da Kenvue, reforça que alcançar um cargo de liderança não significa deter todo o conhecimento.
“É muito importante termos uma mentalidade voltada ao aprendizado contínuo, buscando sempre novas referências, opiniões e caminhos diferentes daqueles habituais”, sugere.
Giuliana Tranquilini afirma que o ambiente corporativo também precisa estar aberto para equipes de diferentes idades.
“O próprio jovem que já está inserido nesse mundo digital vai ter que reaprender o tempo inteiro porque muitas coisas vão mudar. Temos que entender que somos eternos aprendizes vivendo em constante aprendizado.”
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