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Quer largar já seu emprego? Não chute o pau da barraca ao sair e mantenha as portas abertas

Mesmo que esteja com raiva, saia do trabalho com elegância para não prejudicar seu currículo; aqui vão dicas simples e úteis

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Por Jayanne Rodrigues
Atualização:

Você quer sair do seu emprego, mas não sabe se isso vai fechar portas. As razões da transferência podem ser variadas - uma nova proposta, questões pessoais ou para escapar de um ambiente tóxico. Mesmo com raiva ou mágoa, o importante é não chutar o pau da barraca ao trocar de empresa, porque isso pode manchar sua reputação profissional. Como fazer essa mudança numa boa?

Para ajudá-lo nessa jornada, o ‘Estadão’ consultou Paula Boarin, mentora de carreiras, e Luciano Santos, especialista em carreira e educação corporativa, que passaram dicas para fazer a transição da melhor maneira e deixando as portas abertas no emprego anterior.

Existe um momento certo para buscar um novo emprego?

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Não é necessário ter uma resposta imediata. Um bom ponto de partida é fazer uma lista do que você busca em um trabalho, sugere Luciano Santos.

Pergunte-se: você está disposto a abrir mão de um bom salário? Quais são suas expectativas em relação à liderança? Qual é a sua prioridade atual na carreira: reconhecimento, crescimento, estabilidade financeira ou um ambiente psicologicamente seguro?

É natural ter dúvidas, por isso, essa lista funcionará como uma bússola. Quando os itens divergirem do que o seu trabalho atual oferece, esse é um forte indicativo de que está na hora de buscar algo diferente, orienta Santos.

Paula Boarin enfatiza a importância de prestar atenção a alguns sinais. Se você não se sente feliz, não aprende, não cresce e não se sente respeitado, mesmo após tentar corrigir essas questões, é hora de considerar a mudança.

Antes de optar por uma transição, tente resolver os pontos que o incomodam no trabalho atual. “Problemas são comuns em todas as empresas”, diz Boarin. Se não entender isso, o profissional corre o risco de troca seis por meia dúzia.

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Informe seus chefes

Exceto em casos extremos, não deixe o emprego sem notificar seus chefes adequadamente. Essa comunicação prévia é a melhor forma de sair sem deixar ressentimentos.

Assim, a empresa terá tempo para treinar novas pessoas, enquanto o funcionário poderá se organizar com calma e evitar conflitos futuros.

Se existe uma pressão da futura empresa para assumir o cargo e não é viável negociar mais tempo, Luciano Santos aconselha observar a cultura da nova organização com mais cuidado.

“É uma empresa da qual eu desconfiaria. Que tipo de cultura é essa que não permite nem organizar o trabalho do emprego anterior?”, provoca.

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Além disso, o mercado de trabalho é pequeno. É possível que daqui a alguns anos alguém peça referência ao chefe que presenciou uma saída inesperada e “as boas atitudes vão contar a seu favor mais cedo ou mais tarde”, afirma Paula Boarin.

Como comunicar a decisão em um modelo 100% home office?

Caso a empresa tenha como foco a comunicação virtual, é preciso entender quem são as pessoas e os setores que necessitam ser avisados. Em alguns casos, a liderança e o RH são suficientes. Comunicado por WhatsApp ou e-mail não é indicado. O primeiro passo é contatar o chefe e dizer de maneira clara que precisa conversar.

Em seguida, é interessante perguntar o que deve ser feito para deixar o trabalho organizado e como gostariam que fizesse no tempo que resta dentro da empresa. “Precisamos ser tão profissionais na hora de sair, quanto na hora em que chegamos”, diz Luciano Santos.

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O que fazer em um ambiente tóxico

Primeiro passo: procure um advogado para esclarecer a situação e avaliar possíveis cenários. “É no mínimo injusto que um profissional tenha que se demitir por estar em um ambiente que o adoece”, orienta Paula Boarin.

Mas, se o colaborador decidir conduzir sozinho, basta ser claro no comunicado de demissão. “Não tem mistério, ser sucinto, anunciar a decisão e dizer se pretende ou não cumprir aviso-prévio.”

Você quer sair, mas precisa trabalhar e não pode agora

Às vezes, a vontade de sair do trabalho é grande, mas a pessoa não tem condições no momento. O que fazer?

“Acredito que temos uma visão romântica sobre o trabalho. Isso nos frustra quando nos deparamos com o cenário real. E temos na sociedade um ideal de felicidade atrelado ao trabalho”, avalia Paula Boarin.

Segundo especialistas, é preciso cuidado ao sair do emprego para não queimar pontes Foto: Deagreez/Adobe Stock

Não precisa ser assim, segundo a especialista. Ela acrescenta que as pessoas necessitam reavaliar a maneira como enxergam a importância e a centralidade do trabalho na vida.

Um exercício para mudar a mentalidade é ver o ofício como um local onde executa tarefas, convive com colegas e garante o sustento.

Outro recurso é focar no desenvolvimento enquanto profissional, indica a mentora de carreiras:

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  • Saia no horário sempre que possível.
  • Estude, faça networking e se conecte com pessoas.
  • Use o período no emprego atual para se preparar para o próximo e cuide da autoestima.

“Não avacalhe, complete suas tarefas, não deixe ninguém na mão e seja tão profissional nos seus últimos dias de trabalho quanto foi no primeiro”, afirma Luciano Santos.

Para o especialista, sair “queimado’ de uma empresa traz danos em curto e longo prazo para a imagem profissional. “Empresas são compostas por pessoas e, assim como na vida pessoal, elas contam as histórias que elas observaram.”

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