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Temos que discutir se é justo desonerar caviar ou a alimentação dos mais pobres, diz Tebet

Ministra defende que Senado avalie decisão da Câmara de desonerar cesta básica como um todo para todos os brasileiros

Foto do author Giordanna Neves
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Giordanna Neves (Broadcast) e Eduardo Rodrigues

BRASÍLIA - A ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu nesta terça-feira, 22, que é preciso discutir se a desoneração da cesta básica, aprovada pela Câmara dos Deputados na proposta da reforma tributária sobre o consumo, traz justiça aos mais pobres.

“Câmara resolveu desonerar cesta básica como um todo para todos os brasileiros, não só pobres (...). A discussão que temos que fazer dentro do Senado Federal, respeitando a decisão política do Congresso, é se é justo incluir caviar na desoneração, ou a alimentação da ministra junto com a dos mais pobres”, disse Tebet durante o primeiro Seminário Avaliação e Melhoria do Gasto Público, organizado pelo Ministério do Planejamento.

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Um estudo realizado pelo Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (CMAP) ainda no governo anterior mostra que a atual desoneração de PIS/Cofins e IPI sobre a cesta básica custa cerca de R$ 34,7 bilhões por ano aos cofres públicos e reduz o preço relativo desses produtos em 5%, em média. O documento avalia, porém, que a focalização da medida na população mais pobre pode melhorar, além de apontar que alimentos pouco saudáveis também são beneficiados.

Uma das alternativas do estudo considerava que o fim da desoneração da cesta básica aliado a uma redução linear de 1,5 ponto porcentual do PIS/Cofins para os demais produtos não teria efeitos negativos sobre a inflação e a economia. Além disso, os impactos para a população mais pobre poderiam ser compensados com aumentos nos programas de transferência de renda.

Simone Tebet e demais integrantes da equipe econômica do governo apostam na reforma tributária como uma das marcas da nova gestão Lula  Foto: André Borges / EFE

O CMAP também avaliou as desonerações de medicamentos, que têm um custo anual de cerca de R$ 8,6 bilhões para o governo. Apesar dos indícios de que a medida reduz a inflação de medicamentos — que representam 8,3% do orçamento das famílias mais pobres —, o estudo indica que o SUS e a Farmácia Popular alcançam melhor os mais vulneráveis.

“O Ministério da Fazenda divulgou o custo de desonerações propostas na reforma tributária, e aqui mostramos os efeitos de desonerações que já existem. Conseguimos medir os benefícios e pensar em alternativas a essas políticas”, destacou o secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Sérgio Firpo.

Ações

Durante o evento, Tebet destacou as ações a serem tomadas pelo Planejamento na avaliação de políticas públicas e realocação de despesas, visando justamente a melhoria dos gastos. Ela citou que a retirada da desoneração de alimentos processados pode direcionar recursos para o programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo.

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A ministra também fez menção ao “salto acima da média” de benefícios concedidos pelo INSS. “TCU (Tribunal de Contas da União) diz que pode ter 10% de erros ou fraudes (em benefícios). Podemos ter entre R$ 10 bi e R$ 20 bi do INSS para recompor orçamento de ministérios em 2024″, afirmou Tebet.

Tebet voltou a dizer que o Brasil tem, hoje, cerca R$ 400 bilhões de gastos tributários, duas vezes o volume de despesas discricionárias anuais, segundo ela. A ideia da pasta é justamente reavaliar determinadas despesas e realocá-las de forma mais eficiente. Ela lembrou, no entanto, que gastos tributários como o Simples Nacional não serão atingidos.

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