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Teoria de Keynes chegou cedo ao País

Para Celso Furtado, aplicação das ideias do economista inglês deu-se com a política da queima de café nos anos 1930

Foto do author Fábio Alves
Por Fábio Alves (Broadcast )
Atualização:

Para o economista Celso Furtado, ex-ministro do Planejamento e da Cultura falecido em 2004, a aplicação da teoria keynesiana no Brasil ocorreu antes mesmo de John Maynard Keynes publicar o seu clássico em 1936. De acordo com Furtado, isso ocorreu com a política visionária da queima de café em 1930 por Getúlio Vargas, daí muitos a chamarem de keynesianismo "avant le lettre".Ao despejar muito dinheiro na proteção do preço do café, Vargas inovou na adoção de uma política anticíclica, fazendo com que o Brasil fosse um dos primeiros países a se recuperar do efeito da grande depressão da década de 1930. Tal arrojo não passou despercebido pelos Estados Unidos: para salvar a economia americana, o governo do presidente Franklin Delano Roosevelt implementou o "New Deal", plano de recuperação da economia americana com investimento pesado do Estado em obras públicas e controle de preços, enterrando a política do liberalismo econômico, ou "laissez-faire", que prevalecia no mundo desenvolvido até então.E Roosevelt não deixou de reconhecer a visão de Vargas em 1930. Num discurso em 27 de novembro de 1936, durante visita ao Rio de Janeiro, Roosevelt fez um afago ao líder brasileiro."Despeço-me esta noite com grande tristeza. Há algo, no entanto, que devo sempre lembrar. Duas pessoas inventaram o New Deal: o presidente do Brasil e o presidente dos Estados Unidos", disse Roosevelt, em frase pinçada da tese de doutorado de Flávio Limoncic apresentada na Universidade Federal do Rio de Janeiro.O discurso do presidente americano no Rio de Janeiro encontra-se na íntegra na biblioteca Franklin D. Roosevelt, no Estado de Nova York.

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