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Vendas de imóveis residenciais batem recorde em 2023, puxadas pelo Minha Casa, Minha Vida

Foram negociadas 163,1 mil unidades no ano passado, alta de 32,6% em relação a 2022; lançamentos no mesmo período recuaram 2%, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)

O mercado imobiliário teve alta nas vendas e queda nos lançamentos no ano passado, mostra levantamento divulgado nesta quarta-feira, 13, pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os dados são de algumas das 20 maiores construtoras e incorporadoras do País.

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As vendas de imóveis residenciais novos por essas empresas cresceram 32,6% em 2023 na comparação com 2022, totalizando 163,1 mil unidades. O resultado foi o maior da série histórica, iniciada em 2014. Em valores, as vendas tiveram alta de 34,7%, para R$ 47,9 bilhões.

Já os lançamentos no mesmo período recuaram 2%, para 118 mil unidades. Em valores, porém, cresceram 10,1%, para R$ 38 bilhões — o que indica que as empresas estão apostando mais nos imóveis de preços mais altos.

Queda nos lançamentos de imóveis de médio e alto padrão se deve às taxas de juros mais altas e ao foco das empresas em reduzir os estoques de lançamentos feitos nos anos anteriores Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O levantamento mostrou que as vendas em 2023 foram puxadas pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Neste segmento, as vendas cresceram 42,2%, chegando a 117,4 mil unidades. O segmento de médio e alto padrão também teve aumento nas vendas, de 14%, indo a 42,9 mil unidades.

No caso dos lançamentos, a queda foi puxada pelo segmento de médio e alto padrão, com recuo de 38%, para 24,5 mil unidades. Já os lançamentos do MCMV cresceram 16,7%, para 93,3 mil unidades.

Os números positivos no MCMV são reflexo das melhorias implantadas no programa no ano passado, com aumento dos subsídios, redução de juros e ampliação do teto de preços. “O governo tem implantado vários benefícios que estimularam o poder de compra”, afirmou o presidente da Abrainc, Luiz França, em entrevista à imprensa.

Já no caso do setor de médio e alto padrão, a queda nos lançamentos se deve às taxas de juros mais altas e ao foco das empresas em reduzir os estoques de lançamentos feitos nos anos anteriores. “Foi uma decisão muito correta das empresas. Estamos vendo mais vendas de estoques neste segmento, tanto é que as vendas cresceram”, afirmou França.

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O estoque no setor de médio e alto padrão caiu de 65 mil unidades no fim de 2022 para 47 mil no fim de 2023, o equivalente a 17 meses de vendas considerando o ritmo atual dos negócios. Na visão de França, esse é um patamar adequado.

Comparativo entre pesquisas

Os números da Abrainc ficaram mais ou menos em linha com outras pesquisas já divulgadas sobre o mercado imobiliário. Todos os levantamentos divulgados até aqui mostraram queda nos lançamentos, o que pode ser interpretado como um sinal claro de mais cautela das incorporadoras devido aos juros altos para financiar moradias de médio e alto padrão. Já as vendas seguiram resilientes, ajudadas pela melhora nas condições do Minha Casa, Minha Vida.

Os dados nacionais foram apresentados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), cujo levantamento abrange 220 cidades. Segundo a pesquisa da CBIC, as vendas ficaram praticamente estáveis, com leve queda de 1,4% em 2023, para 322,8 mil unidades. Já os lançamentos recuaram 11,5%, para 293 mil moradias.

Na cidade de São Paulo, maior mercado do País, as vendas subiram 10% em 2023, totalizando 76,1 mil unidades, enquanto os lançamentos recuaram 3%, para 73,2 mil unidades, de acordo com pesquisa do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).

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