Foto do(a) blog

O mundo gira aqui

FAUBAI 2024 propõe uma nova jornada para a educação internacional

PUBLICIDADE

Foto do author Andrea Tissenbaum
Por Andrea Tissenbaum
Atualização:
Renée Zicman, FAUBAI | Samia Chasi, IEASA | Eugenio Bucci, USP  

Conferência reúne profissionais de mais de 25 países para compartilhar ideias, experiências e pensar nos desafios e oportunidades do ensino superior no cenário global. 

PUBLICIDADE

Foi num auditório lotado por mais de 700 profissionais envolvidos com educação superior internacional, de mais de 25 países, que a Conferência anual FAUBAI 2024 teve seu início oficial neste último domingo. Com o tema Inviting for a New Journey (convite para uma nova jornada), a Associação Brasileira de Educação Internacional - FAUBAI, mais uma vez estimula o compartilhamento de experiencias, oportunidades de cooperação, a troca entre instituições de educação superior e países e, sobretudo, a reflexão que o momento atual exige sobre o lugar da universidade e o que representa sua internacionalização.

Na plenária de abertura, com o tema Journey for Peace (jornada para a paz),Eugênio Bucci, professor da ECA-USP e articulista do Estadão, evoca três dos dez riscos globais apontados recentemente pelo Fórum Econômico Mundial: a desinformação e informação falsa (sobretudo quando potencializada pelo uso de inteligência artificial), a polarização social e os conflitos armados interestaduais. Vinculados entre si, os três se retroalimentam e, sem dúvida, potencializam situações alarmantes. Uma delas é a supressão de informação por meio da distorção de sua legitimidade.

"Nossos métodos de conhecer os fatos, de refletir racionalmente sobre os fatos, e de dialogar sobre eles estão vindo abaixo", afirma Bucci. "É por isso que a sociedade mal consegue diferenciar entre o que é juízo de fato e juízo de valor. Desacreditar o saber e suas instituições é uma meta em curso aplicada por autocratas globalmente. Todas as referências racionais, factuais ou morais são corroídas nesse processo. É dentro dessa estratégia que todos os núcleos sociais que fazem a verificação dos fatos e lidam com a razão estão sob ataque em vários países, incluindo as universidades".

Mas sem a produção de ideias não há civilização. "Como a paz será possível se não houver uma valorização do conhecimento, da abertura de espírito, da liberdade de pensamento?" questiona Bucci. "A universidade que é o lugar da pesquisa, do pensamento, da arte, da filosofia, do convívio intelectual, ético, afetivo, respeitoso, também precisa ser o lugar declarado da defesa da paz, da civilização e da democracia. Precisa ser o lugar da razão, do diálogo; precisa ser o lugar de fraternidade".

Publicidade

O processo de internacionalização das universidades, que é regido pelo Norte Global, composto pelos chamados países desenvolvidos, também é acompanhado de desafios que esbarram em várias das questões levantadas por Bucci.

"Definições e conceitos eurocêntricos de internacionalização têm sido usados e reproduzidos na educação superior sul-africana sem muito questionamento crítico de sua relevância e adequação", explica Samia Chasi, gerente de iniciativas estratégicas, desenvolvimento de parcerias e pesquisa da Associação de Educação Internacional da África do Sul - IEASA, em sua palestra. "Vale dizer, que essa reprodução também pode ser reconhecida em estratégias e planejamentos de instituições de ensino superior do Sul Global", ela complementa.

Redefinir essa proposta de internacionalização do conhecimento e das instituições de educação superior sob a lente da descolonialização é fundamental, explica Samia Chasi. Sem necessariamente eliminar as contribuições feitas pelo Norte Global, mas certamente promovendo a pluralidade e integrando a valorização e o respeito a identidades locais e a outras formas de conhecer e pensar.

Essas aspirações são justas em um mundo onde a assimetria é latente. Elas conectam experiências que contribuem para o panorama global e reconhecem o individuo em sua totalidade. A universidade, lugar do pensar e do fazer, é o espaço propício para construir pontes e derrubar muralhas, em defesa da diversidade, da inclusão, e de valiosas novas definições de futuro.

Definições e redefinições são importantes, explica Samia Chasi. "Elas podem moldar visões de mundo, estratégias, políticas, planos, percepções, práticas e atividades na educação superior. Elas podem limitar ou ampliar nossas perspectivas e influenciar nosso pensamento sobre possibilidades futuras. Definições sem relevância contextual podem ser limitantes. Definições mais relevantes e apropriadas podem nos ajudar a (re)imaginar o que é possível".

Publicidade

Após quatro dias de intensas trocas e diálogos, Renée Zicman, diretora executiva da FAUBAI conclui: "precisamos incluir novas vozes e garantir formas mais horizontais e menos desiguais de cooperação. A FAUBAI 2024 trouxe o convite para juntos construirmos uma nova jornada para a internacionalização da educação superior. Atuando por uma maior e mais ativa inserção do Brasil no cenário mundial da educação internacional".

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionais

Entre em contato: tissenglobal@gmail.com

Siga o Blog da Tissen no LinkedinInstagram, e Facebook.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.