Embraer dá especialização a recém-formados

O programa começou no ano passado como um treinamento interno e atualmente ganhou o título de mestrado profissionalizante, numa parceria com o ITA. O mestrado profissionalizante é uma nova categoria de pós-graduação aprovada pelo MEC, com formação voltada para o mercado

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Por Agencia Estado
Atualização:

Falta gente para trabalhar na Embraer. A afirmação soa estranha, já que se trata de uma das principais empresas nacionais. Mas não há engenheiros aeronáuticos ou profissionais de outras áreas com experiência na tecnologia de fabricação de aviões suficientes no Brasil. A solução? A Embraer resolveu se associar a universidades públicas para dar especialização a recém-formados e torná-los aptos a integrar seus quadros. Existem no País apenas dois cursos de engenharia aeronáutica, o da Universidade de São Paulo (USP) e o do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que, juntos, têm 70 vagas anuais. Segundo o Ministério da Educação, em 2001 formaram-se apenas 13 profissionais dessa área no Brasil. "Precisaremos de centenas de pessoas nos próximos anos", diz o coordenador acadêmico do Programa de Especialização em Engenharia (PEE) da Embraer, João Pedro Escosteguy. O programa começou no ano passado como um treinamento interno e atualmente ganhou o título de mestrado profissionalizante, numa parceria com o ITA. O mestrado profissionalizante é uma nova categoria de pós-graduação Stricto sensu, aprovada pelo MEC, com formação voltada para o mercado. A Embraer e o ITA selecionam, por currículos e provas, jovens recém-formados que recebem bolsa - cujo valor não é divulgado - e têm emprego garantido na empresa ao terminar o curso. A diferença é justamente esta: as parcerias da Embraer oferecem especialização para pessoas que, no futuro, vão trabalhar para ela. Normalmente, as empresas dão cursos de aperfeiçoamento para quem já é seu funcionário. As aulas são ministradas por professores do ITA, parte na instituição, parte na Embraer. "A empresa informa as áreas em que ela mais precisa de pessoal", diz o gerente da Fundação Casimiro Montenegro Filho, que intermedeia o curso no ITA, Eugênio Brito. E é isso o que acaba direcionando o projeto pedagógico do mestrado. O curso funciona atualmente com a segunda e terceira turmas, num total de 225 alunos, e é todo bancado pela Embraer. Os estudantes são, na sua maioria, engenheiros de outras áreas que aprendem a lidar com aerodinâmica, sistemas aeroespaciais e simulação de vôo, entre outras disciplinas. "Não pensava em trabalhar com avião", diz o engenheiro civil Fernando Fialho Pinto, de 23 anos, um dos alunos. Ele desistiu de um mestrado no Canadá quando passou no teste da Embraer. Mudou-se de Belo Horizonte para São José dos Campos, onde ficam a empresa e o ITA. "É uma oportunidade única. A preocupação com os empregados é muito grande." Karina Sanches Garcia, de 27 anos, foi aluna da primeira turma do curso. Também é engenheira civil. "Não sabia nada sobre engenharia aeronáutica." Hoje, trabalha com simulação de vôos e manobras na Embraer e se considera realizada. "Todos os meus colegas do curso foram contratados pela empresa." As necessidades da Embraer também a levaram a uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi montado um curso de especialização em Engenharia de Software, Sistemas e Programação, que deve começar no ano que vem. Serão 30 alunos que receberão aulas de professores da Unicamp. No programa, linguagens de programação, como as utilizadas pelo Departamento de Defesa Americano. "O certificado será emitido pela universidade e, portanto, temos também pré-requisitos para selecionar os alunos", diz o diretor-adjunto do Instituto de Computação da Unicamp, Arnaldo Vieira Moura, um dos responsáveis pelo curso. Outra frente de atuação da empresa é a formação de uma rede de difusão de engenharia aeronáutica nas universidades. Cresce assim o interesse e o conhecimento sobre a área e, mais tarde, podem surgir cursos como os já existentes em São Paulo. "É ganho para os dois lados", diz Escosteguy. Entre as instituições que a Embraer já contatou estão as Universidades Federais do Rio Grande do Norte, do Paraná, do Rio de Janeiro e da Bahia. "Nossos alunos e professores terão acesso ao acervo bibliográfico da Embraer e assim enriquecemos a própria instituição", diz professor da UFRN José Wilson Nogueira, que intermediou a parceria. "O convênio pode ajudar nossos alunos a terem perfis mais apropriados para integrar cursos da Embraer."

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