O estudo do meio é uma modalidade de saída pedagógica mais complexa, pois envolve ao menos duas disciplinas em um projeto integrador e interdisciplinar. As viagens duram de três a quatro dias e proporcionam aos alunos uma imersão no tema pesquisado, com olhar abrangente para o funcionamento do local visitado. Assim, sempre há uma pergunta de investigação como ponto de partida para os trabalhos e atividades a serem realizados e os alunos levam consigo um roteiro de estudos a ser seguido.
Além da intencionalidade pedagógica envolvida em todos os estudos do meio, com conceitos curriculares abordados, as viagens também carregam um caráter educacional de cunho atitudinal. "Viajar para aprender é muito diferente de viajar a turismo. Ao conviver com colegas e adultos em outro ambiente, o estudante desenvolve aspectos do autocuidado que só podem ser exercidos fora de casa", afirma Suzana Mesquita, supervisora do Ensino Fundamental II na Projeto Vida.
Inclusive, autocuidado é uma das competências definidas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular) a serem desenvolvidas pelos alunos. Para os adolescentes, organizar quem ficará hospedado em cada quarto é um dos momentos mais marcantes. São eles que apresentam à coordenação a divisão de alunos por dormitório, mas precisam seguir regras como não excluir ninguém, não ter conflitos nas escolhas e manter separados meninos e meninas.
Além dos conteúdos conceituais e atitudinais, as viagens de estudo do meio têm uma vertente cultural. Povos locais, arquitetura, culinária, artesanato, dança e música etc. Os alunos é que devem fazer uma imersão na cultura local e não vice-versa. É comum os adolescentes pedirem para incluirmos uma "balada" na programação. Nesses casos, aproveitamos a oportunidade para enriquecê-los culturalmente. Em Cananéia, por exemplo, a "balada" é ao som do Fandango!
Destinos
Em geral, seguimos um roteiro de estudos do meio de acordo com os conteúdos e habilidades socioemocionais a serem desenvolvidas em cada ano, do 5º ao 9º. No entanto, as disciplinas que integrarão o estudo são definidas durante o planejamento pedagógico e podem mudar de acordo com o foco que a equipe de educadores pretende dar para a viagem naquele ano. Uma viagem para estudo da História do Brasil pode incluir os impactos da urbanização no meio ambiente como mais um foco a ser dado em 2020, por exemplo.
Assim, os destinos visitados nos últimos anos foram:
5º ano: Santos (História e Geografia)
6º ano: Cavernas do PETAR (Geografia, Ciências e Orientação Educacional
7º ano: Ilha do Cardoso e Cananéia. Viagem aliada ao projeto maker do Nave à Vela, em que os alunos construíram um artefato para ajudar a coletar o lixo, doado à comunidade (História, Geografia e Ciências).
8º: Paraty - Patrimônio Universal da Humanidade decretado em 2019 (História, Geografia e Língua Portuguesa).
9º: Viagem educacional para fechamento do Ensino Fundamental II. Os alunos escolhem um destino entre três apresentados pela escola, que facilitam o estar junto e oferecem muitas atividades coletivas e de valorização de tudo o que aprenderam.
Em todas as viagens, há um registro dos alunos e posterior apresentação de trabalho, a partir de observação direta, experimentação e entrevistas para conhecer as histórias locais e os diferentes pontos de vista das pessoas que fazem a cidade. Há também um ponto transversal a todos os estudos do meio: a sustentabilidade ambiental e econômica das comunidades visitadas.
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