Governo de São Paulo anuncia o fechamento de 94 escolas

Dessas unidades, 66 ficarão à disposição dos municípios para Educação de Jovens e Adultos, CEU ou creche; para sindicato, governo faz uma 'bagunça' com a reorganização

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Por Luiz Fernando Toledo
2 min de leitura

Atualizada às 22h04

SÃO PAULO - A Secretaria Estadual da Educação divulgou nesta segunda-feira, 26, que 94 escolas da rede serão fechadas, seus alunos serão transferidos para unidades próximas e os prédios terão outras finalidades. Dessas, 66 ficarão à disposição dos municípios para uso em Educação de Jovens e Adultos (EJA), ensino técnico ou creches. O governo do Estado promete divulgar a lista das unidades nos próximos dias. 

A mudança, anunciada em setembro pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), prevê a reorganização das escolas estaduais para que tenham apenas um ciclo de ensino: anos iniciais do ensino fundamental (1.º ao 5.º), anos finais do fundamental (6.º ao 9.º) e ensino médio. Com isso, 311 mil alunos serão transferidos para outra unidade no próximo ano e 74 mil professores – quase um terço do 220 mil que trabalham na rede – serão afetados.

A previsão é que, a partir de 2016, São Paulo passe a ter 2.197 escolas de ciclo único, um aumento de 52% em relação às 1.443 unidades existentes. Desta forma, 43% dos 5.147 colégios do Estado terão ciclo único. 

O número é menor do que o apresentado pela secretaria inicialmente – era esperada a movimentação de 1 milhão de estudantes. O secretário da Educação, Herman Voorwald, disse que o trabalho de reorganização “não se encerra hoje”. “É um processo que tem continuidade ao longo do tempo, fundamentalmente, porque há uma queda contínua dos alunos na rede do Estado”, disse.

A estratégia, segundo a pasta, partiu de dois argumentos principais: a queda de alunos na rede estadual, que perdeu 1,8 milhão de estudantes entre 2000 e 2014, deixando 2,9 mil classes ociosas (sem turmas), e estudos que apontaram melhoria de desempenho nas unidades de ciclo único. 

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Na manhã desta segunda, Voorwald apresentou dados do Idesp, principal indicador de qualidade da educação paulista, que mostraram que escolas de segmento único têm desempenho 5,1% superior nos anos iniciais, 10,5% nos anos finais e 28,4% maior no ensino médio.

Protestos. A informação foi divulgada em um contexto de protestos quase diários de professores, pais e alunos, além de críticas do principal sindicato de professores do Estado, a Apeoesp, que estimava que 162 unidades seriam fechadas.

“Vai ser bagunça. Setenta e quatro mil professores serão afetados, 94 escolas, fechadas. O professor efetivo vai ter a jornada reduzida. Se ele tem 40 horas, vai reduzir para jornada básica de 30. Não sei o que precisa piorar mais”, disse a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, que acredita que a medida também trará superlotação às salas de aula. 

Já Voorwald rebateu as declarações da dirigente sindical. “Se eu posso segmentar e focar a gestão para atuar em um grupo específico, por que não fazer? A quem interessa não fazer? Pode ter certeza de que não é para o estudante.”

O secretário ainda negou que a medida tenha caráter econômico. “Não estou preocupado com isso. Minha única leitura é pedagógica”, disse.

Transferências. Os alunos afetados deverão ser informados nos próximos dias sobre a transferência, que deve ocorrer só no que vem. De acordo com Voorwald, algumas unidades poderão fazer a mudança “paulatinamente” até 2017.

Hoje, os diretores regionais de todo o Estado vão avisar os diretores das escolas, que repassarão o recado às suas comunidades escolares.