Por que MBAs e outras pós-graduações em gestão hospitalar têm crescido tanto?

Instituições que oferecem especialização cresceram assim como o público, pois há muitas pessoas que migraram para a área porque passou a oferecer mais oportunidades

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Foto do author Renata Okumura
Atualização:

Ano a ano, aumenta o número de programas de MBA e pós-graduação em gestão hospitalar. Para o profissional que deseja atuar nessa área, o objetivo principal é criar uma visão estratégica do setor de saúde, entendendo as tendências, os desafios e as oportunidades de mercado.

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Hoje, além de trabalhadores da saúde que buscam especializações, há ainda profissionais de outros setores que procuram uma oportunidade no ramo. “Embora a gente tenha muitos profissionais oriundos de cursos de graduação do setor da Saúde, há muitas pessoas que migraram para a área porque ela passou a oferecer mais oportunidades”, afirma Laura Schiesari, coordenadora do Executive MBA Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Tudo o que o aluno vai aprender no curso vai ajudá-lo a entender sobre a gestão propriamente dita e as especificidades do setor. Há várias oportunidades de atuação.”

Formado em Medicina, Alexandre Meluzzi, de 51 anos, especializou-se em neurocirurgia há mais de 25 anos. Posteriormente, fez especialização em cirurgia da base do crânio e de coluna vertebral. Nos últimos anos, para adquirir mais conhecimento e expertise em gestão de organizações, fez pós-graduação em Gestão de Sistemas Hospitalares. “Pretendo atuar como consultor na área, especificamente relacionada à gestão de utilização de órteses, próteses e materiais especiais (OPME), que são insumos utilizados na assistência à saúde e relacionados a uma intervenção médica.”

Na área de gestão hospitalar, ele espera adquirir desenvolvimento contínuo de práticas que possam ser aplicadas a instituições e sistemas de saúde – no âmbito privado ou público. “A boa gestão hospitalar é o pilar essencial, a ‘coluna vertebral’ que deve estar saudável para manter a sustentabilidade financeira de uma instituição de saúde”, afirma.

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Pós em Gestão Hospitalar no Ensino Einstein; a formação de lideranças está entre os principais focos. Foto: Werther Santana/Estadão

Para capacitar profissionais, não somente instituições de ensino, mas hospitais expandiram a atuação também na área da educação em saúde. “Teve um crescimento na oferta, sobretudo, porque vários hospitais de referência começaram a ter cursos, primeiramente adaptados para o seu público interno, depois, percebendo que era algo atrativo, também para pessoas de fora”, afirma Laura, da FGV, instituição que também oferece cursos na área.

Por meio da Faculdade e da Escola Técnica de Educação em Saúde, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz oferta o curso de Tecnologia em Gestão Hospitalar, em formato de ensino a distância, com três anos de duração. Na Faculdade Sírio-Libanês, além de cursos voltados para especialidades médicas, há um portfólio de gestão que inclui administração, gestão de processos, marketing e práticas necessárias para o gerenciamento de hospitais e clínicas. São oferecidos nas modalidades 100% presencial e híbrida.

Na Faculdade Unimed, além da graduação Tecnológica em Gestão Hospitalar (EAD e Presencial), há o MBA em Gestão Hospitalar e Organizações de Saúde (EAD) e a pós-graduação em Arquitetura, Organização e Gestão Hospitalar (EAD). No Centro Universitário São Camilo, o MBA em Gestão Hospitalar é ofertado com aulas assíncronas (gravadas) e tem duração de 12 meses.

Para a biomédica Karine Minaif Martins, de 44 anos, que desde a formação em 2002 trabalha na área assistencial de diagnóstico, a atuação em vertentes relacionadas com a administração a influenciou, nos últimos anos, a fazer uma pós. “A gestão hospitalar está cada vez mais obrigatória, mesmo para quem não faz gestão direta, porque tem mudado muito a questão de como a gente vê a saúde, tanto pública quanto privada. Você tem uma questão de valor, de entrega de valor para o paciente muito mais do que o recebimento por cada atividade ou cada exame que você faz.”

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Hoje, na área hospitalar, os desafios são bastante complexos. Eles envolvem o envelhecimento da população, múltiplos stakeholders (partes interessadas) na gestão e na prestação dos serviços. Há laboratórios, hospitais, o médico, a equipe multiprofissional, a fonte pagadora e o governo, por exemplo. E ainda existe a necessidade de incorporar, de alguma forma, as novas tecnologias dentro da assistência. Tudo isso priorizando a qualidade do atendimento ao paciente e o foco em ações que considerem custos e sustentabilidade.

“O que eu vejo, atualmente, é uma necessidade cada vez maior e mais crescente de profissionais que consigam compreender todos os desafios que existem no mercado e, de uma certa forma, se antecipar também para os desafios do futuro”, afirma Cleber Mota, coordenador do curso de pós em Gestão de Serviços Hospitalares do Ensino Einstein.

O curso, ministrado no formato híbrido e com carga horária de 360 horas, tem como foco a formação de lideranças. “Formar profissionais que tenham essa visão de qualidade da assistência, mas de uma forma sustentável. E, para isso, a gente precisa de um profissional que tenha uma visão sistêmica e coordenada, além de um bom entendimento de mercado e capacidade de se adaptar às inovações e incorporar mudanças significativas”, afirma ele. “É gerar valores para responder de forma positiva para um ecossistema que envolve a qualidade no atendimento ao paciente assim como a instituição hospitalar e as fontes pagadoras.”

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