“Entusiasmada” e “caótica” foram adjetivos usados por Sarah Oliveira para se autodescrever nessa entrevista. Essas características, unidas ao seu já conhecido carisma, dizem muito sobre a linha curatorial do programa “Minha Canção”, da Rádio Eldorado.
A 10ª temporada se encerra com um especial, dividido em dois programas, em que Emicida é entrevistado. O primeiro capítulo vai ao ar nesta sexta-feira (8), das 17h às 18h, com reapresentação no mesmo horário, aos domingos.
“Eu começo o especial falando que o meu convidado escreve música como quem escreve cartas de amor, porque ele diz isso na canção dele. E eu acho que talvez por isso, ele atinja tanta gente”, reflete Sarah.
“O Emicida fala de preconceitos, de racismo, de dor, mas ele também fala de cura, de liberdade e de amor. Acima de tudo, ele é um cara que fala de amor, e eu acho isso muito importante. Para mim, é uma honra ser contemporânea do Emicida”, complementa.
Ao ser homenageado no encerramento da temporada, que marca os cinco anos do “Minha Canção”, o rapper paulistano entra no seleto grupo de artistas celebrados e entrevistados por Sarah, como Caetano Veloso, Jorge Ben Jor e Ney Matogrosso. No programa, eles conversam sobre educação, viagens, humanidade, processos criativos e, é claro, muita música.
“Eu vejo a música como se fosse um retrato”
Falar sobre seu processo criativo e como enxerga a produção musical foi um dos temas centrais abordados por Emicida na conversa com a Sarah. Para o rapper, a música tem caráter de registro histórico e o sample (trecho de outra música, usada para criar um novo tema) é uma ferramenta para esse resgate.
“Eu vejo a música como se fosse um retrato. A gente cristaliza um momento ali, uma sensação”, disse Emicida. “Eu não sou um ativista e nem militante. Eu sou um artista, mas se eu tivesse que escolher algo pra militar seria pelo sample. Por poder samplear as coisas nas músicas. O sample é o direito à memória cultural”.
O rapper também considera a sua produção uma forma de enfatizar a humanidade. Sem diminuir a dureza do cotidiano, a música, para Emicida, pode elevar a vida a um espaço profano.
“Mesmo que a realidade seja cheia de abismos que parecem intransponíveis, eu não poderia deixar que esta realidade diminuísse a minha humanidade. E foi isso que encontrei na África e esse olhar que eu quis trazer pro Brasil. A humanidade num lugar sagrado. Não podemos negligenciar isso. Amarelo foi criado assim e hoje o doc é estudado nas escolas”.
Emicida ainda revelou no “Minha Canção” as perspectivas para a própria trajetória. “O que eu quero ser nesta vida? Alguém que encontrou algo bonito e pôde partilhar isso com o mundo”.
Próxima temporada
Em cinco anos de “Minha Canção”, artistas das mais diferentes épocas, brasileiros ou internacionais, foram homenageados, de Nirvana a Nara Leão, de João Gilberto a James Brown. O programa teve um período de produção remota, no auge da pandemia, e retomou as entrevistas presenciais. Para a próxima temporada, Sarah Oliveira adianta algumas atrações.
“Eu ainda não fiz o meu mestre Djavan, eu acho que falta Paulinho da Viola, Maria Bethânia e Djavan, mas também quero fazer o 'Minha Canção' Tina Turner porque eu já prometi que eu vou fazer”, adianta.
“Eu não tenho preconceito musical com nada. Eu acho que música boa é aquela música simples que emociona de alguma forma”, define a apresentadora.
Além da transmissão na Rádio Eldorado (FM 107,3 - São Paulo), os episódios podem ser ouvidos em formato podcast, em qualquer tocador de podcast ou agregador, e no próprio site da emissora. O canal do Youtube de Sarah Oliveira também publica todas as edições.