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Para ontem, hoje e amanhã

Designers brasileiros falam sobre sua participação na Paris Design Week

Por Marcelo Lima
Atualização:

Situadas no bairro do Marais, no coração de Paris, as três unidades da galeria Joseph são endereços obrigatórios na agenda de qualquer visitante antenado da Paris Design Week, que aconteceu no início deste mês. Estilista, Regina Misk atua há anos no mercado de moda mineiro. Mas pela primeira vez visitou a capital da moda para expor suas criações na forma de móveis. Assim como fez Bruno Faucz, também em sua incursão inaugural no mercado francês, à convite da Joseph. “Por meio das roupas queremos criar nossa identidade. Vemos que nossas casas seguem hoje a mesma ideia: precisam estar bem vestidas, para que sejam agradáveis e tenham personalidade”, disse ele, em Paris, neste entrevista ao Casa.

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Como surgiu o convite para vocês participarem da Paris Design Week?

Regina Misk: A galeria estava à procura de novos designers para a exposição “Finding the perfect chair” e a sugestão partiu de Camila Nacif, assessora de Melissa Regan, uma das sócias da Joseph. Ela já tinha visto fotos de trabalhos meus na imprensa francesa e, segundo seus curadores, tinham tudo a ver com o conceito da exposição.

Bruno Faucz: De maneira inesperada. Eu não conhecia o pessoal da galeria nem do circuito da Design Week de Paris. Segundo a curadoria, ao pesquisarem novos nomes no cenário do design brasileiro, se depararam com meu trabalho e adoraram meus móveis. Fiquei muito feliz, em especial porque me autorizaram a selecionar qualquer peça para levar.

Quais trabalhos foram apresentados?

Regina: Nesse projeto, utilizo poltronas antigas que escolho de maneira intuitiva. São peças do mobiliário brasileiro das décadas de 1950 e 1960 (foto acima). Os fios são invariavelmente aproveitados de sobras de confecção de roupas de tricô, transformados em cordões para depois serem novamente tricotados. A mão de obra, em geral, é formada por pessoas idosas ou aposentadas.

Faucz: Participei com projetos em duas unidades da galerie. Três delas na mostra “A Design Experience”: as poltronas Camp e Nonno, produzidas pela Moora Mobília Brasileira, e a Barra, da Móveis James. Na exposição “Finding the perfect chair”, mostrei a poltrona Cavalera (foto abaixo), produzida pelo Empório das Cadeiras.

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Quem “vestiria” as criações de vocês?

Regina: O jornalista francês Sylvain Alliod fez uma palestra na galeria enfocando o tema “A transição do design histórico para o design contemporâneo” e ilustrou parte de sua explanação com minhas peças, mostrando como transformar algo antigo em atual, por meio de uma nova estética. Penso que quem se interessa pelos meus móveis compartilha essa visão.

Faucz: Meu trabalho tem como objetivo atender a um consumidor de olhar mais refinado, que compra uma poltrona não só para sentar-se, mas também para admirá-la. Minha busca é por um traço desprendido da linha do tempo. Não quero assinar um produto que morra porque a moda passou. Quero criar um produto para ontem, hoje e amanhã. 

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