PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Arquitetura, decoração e design

Sintonia fina

Por
Atualização:

  Duas vertentes paralelas ? mas não excludentes ? vêm orientado o trabalho de um expressivo grupo de arquitetos e decoradores que têm feito das mostras de decoração de todo o País a principal vitrine de seu trabalho. De um lado, existem aqueles que colocam a funcionalidade dos ambientes acima de tudo. Suas necessidades imediatas além de inovações de toda ordem. De outro, um grupo de profissionais que, ao longo dos anos, têm se notabilizado pelo apuro estético de suas criações. Pela capacidade de ir além do funcional para conferir uma dimensão quase artística aos mais diversos espaços. Um dado perceptível logo ao primeiro olhar, capaz de elevar o desenho de interiores residenciais a um patamar acima do banal e do cotidiano. A esta categoria pertencem, por certo, os 25 participantes ? arquitetos, decoradores e paisagistas ? que compõem o elenco da segunda Mostra Black de São Paulo. O mais exclusivo dos eventos nacionais consagrados ao tema, aberto até o dia 30, tendo como sede uma casa modernista de 1960, com 5.000 m², assinada por Raimundo Rocha Diniz e Sidônio Porto, no Alto de Pinheiros. Uma locação ilustre que não poderia escapar à sensibilidade dos profissionais. ?A resposta foi muito interessante. Enquanto alguns optaram por ignorar a arquitetura existente, construindo espaços absolutamente novos, outros preferiram reverenciá-la em suas criações?, considera a também arquiteta Raquel Silveira, mentora e principal nome à frente da Black. ?Fiquei fascinado pela beleza daquela parede revestida de mármore. Senti estar diante de uma imensa tela, só que natural. Resolvi construir todo o ambiente em função dela?, conta o veterano Jorge Elias, um dos ícones do estilo clássico nacional, que na concepção de sua sala de estar se esmerou na escolha de móveis, lustres e revestimentos.  

 

PUBLICIDADE

Já outra habitué da mostra, a paulistana Fernanda Marques não hesitou em prolongar seu espaço com um mezanino de vidro, que preenche de luz todo o lounge. ?Minha intenção foi jogar com a percepção do público. Construí uma passarela de aço e vidro que dialoga com o pavimento inferior, mas tem acesso restrito ao dono da casa?, brinca a arquiteta, que teve o roqueiro Lenny Kravitz como inspiração. Síntese de um décor concebido em perfeita harmonia com a arquitetura local, o imenso living montado por João Armentano, logo no início do percurso, transmite ao visitante a rara sensação de sempre ter estado lá. Tal a propriedade de escolha de seus móveis, cores e revestimentos, além da solução de total continuidade estabelecida com outro grande momento da mostra deste ano: o jardim oriental-interiorano, de Alex Hanazaki . Entre os recém-chegados, impossível não ficar atento às performances de Guilherme Torres e de André Piva. O primeiro, por imprimir uma radicalidade rara aos domínios da alta decoração, por meio de materiais brutos, móveis em arranjos assimétricos ? com destaque para o sofá gigante de couro que ele mesmo desenhou ?, além das obras de arte e design apresentadas em momentos de flagrante impacto. Em certa medida, um espaço que surge em contraponto à suavidade descompromissada do gaúcho Piva, arquiteto radicado no Rio que assume ter se imposto uma certa formalidade ao participar da mostra. ?Procurei me distanciar um pouco da atmosfera litorânea. Mas sem abrir mão da minha descontração natural?, conta Piva, que adotou como arandelas duas cordas assinadas pelo designer alemão Christian Haas. Sem grandes arroubos de inovação, mas sem jamais se distanciar do padrão de qualidade que já é marca registrada do evento, os demais ambientes excedem em elegância. Mesmo em se tratando, por exemplo, de um lounge que mistura piano de cauda e máscaras africanas, como o de Roberto Migotto, ou da sala bicolor de David Bastos, desenhada para abrigar um personagem que quer estar perto do mar. Esteja ele onde estiver. Exclusividade, desejo de contemplação e sofisticação são algumas das impressões despertada no visitante que percorre os amplos espaços da Mostra Black. Uma exposição que, apesar de seu formato não inédito, tem tudo para reascender no público o desejo de conferir uma mostra de decoração. Sem pressa, sem maiores esforços e com sabor de quero mais.    

A Mostra Black fica aberta até 30 de junho, na Avenida Professor Fonseca Rodrigues, 664, Alto de Pinheiros. O ingresso custa R$ 100. Mais informações:

www.mostrablack.com.br

 .

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.