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Arquitetura, decoração e design

Fusão de culturas

Por Ana Garrido
Atualização:

      Famosa por seus utilitários ? requisitados por chefs de cozinha ? e por utilizar cinzas vegetais para esmaltá-los, a ceramista Hideko Honma usou elementos menos usuais para compor as peças da sua nova coleção. As cinzas que resultaram da queima de podas de cafezal e de um pedaço de um velho jatobá deram o tom, o brilho e o desenho dos objetos preparados para uma exposição na embaixada brasileira em Tóquio, que será aberta no dia 28 de novembro. Com o pedido de produzir xícaras de café, a artista recorreu a um amigo que trabalha na fazenda Tozan, em Campinas, para conseguir as matérias-primas e também para conhecer melhor a relação dos japoneses com a bebida. Descobriu que eles preferem as xícaras maiores e com formatos típicos para cada estação: a mais aberta é usada no verão; a fechada, no inverno. ?Quis expressar meu lado brasileiro, com cores alegres, espontâneas, respeitando a técnica perfeita e funcional que os japoneses exigem?, conta. Uma das peças que representam essa mistura é o bowl rendilhado, que une a leveza com a perfeição do acabamento externo e interno, que fica aparente por entre os vãos da borda irregular. ?O japonês valoriza mesmo o que não aparece. Se a peça quebrar e ele vir que a parte interna foi malfeita, ele desprezará o trabalho do artesão?, explica a ceramista. Parte das criações deste ano já foi enviada para o Japão. Outra pode ser adquirida no ateliê, onde, até hoje, Hideko realiza a 12.ª edição do Mercado ? a mão cheia, um bazar com trabalhos da ceramista, de seus alunos e de outros artesãos. Ao todo são 45 expositores, com peças que custam a partir de R$ 3. A ideia é que os alunos aprendam a vender os produtos e que o público tenha contato direto com quem fez as peças. É uma oportunidade, por exemplo, de descobrir de qual peça o artista mais gosta. Chawan, um pequeno bowl, é o utilitário preferido de Hideko. Apesar de ter um formato simples ? tanto que é a primeira peça a ser ensinada aos aprendizes ?, são poucos os que saem perfeitos por dentro e por fora. Só três foram mandados para Tóquio. /ANA PAULA GARRIDO    

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