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Arquitetura, decoração e design

Pedro Useche reedita móveis dos anos 50 de Julio Katinsky

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Atualização:

Marcelo Lima - O Estado de S.Paulo

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Ele já a namorava de longe. Sempre atento às suas proporções bem cuidadas e à sua curvatura perfeita, o encontro com aquela poltrona, desenhada pelo arquiteto Julio Katinsky, nos anos 50, tinha ares de encontro marcado. ?Na hora o professor comprou a ideia e em pouco tempo já estávamos trabalhando na fábrica?, comemora o venezuelano Pedro Useche, responsável pela reedição do móvel e ainda de um banco. Ambos desenhados pelo mestre modernista usando couro, madeira e metal, hoje produzidos pela Mais Design e comercializados pela Dpot. ?Quase no original?, como afirmou o designer em entrevista ao

Casa

.

Em que contexto os móveis foram produzidos?

São peças desenhadas por arquitetos formados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP no fim dos anos 50. Um grupo de profissionais iniciantes que, à parte a arquitetura, já manifestava grande interesse pelas artes gráficas e pelo desenho industrial, o que fica patente nos móveis que desenharam. Estes foram desenhados por Julio Katinsky, em colaboração com Jorge Zalszupin, entre 1958 e 1961, para a antiga empresa L?Atelier.

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O que o levou a pensar na reedição desse mobiliário? Como designer, o que mais o atrai nesses projetos?

Certo dia, fui conhecer a biblioteca da FAU-USP, na Rua Maranhão, e deparei com a poltrona, que já conhecia por fotos e sempre tinha achado muito elegante e equilibrada. Frente à frente, o equilíbrio estético entre a forma final e os materiais utilizados era ainda mais evidente. Senti aquela simbiose imediata, aquele dado a mais capaz de fazer de um móvel um verdadeiro clássico do design. Na hora pensei na reedição.

Quais foram as etapas envolvidas no processo?

Ainda na biblioteca, procurei estabelecer contato com o professor Katinsky. Marcamos um encontro em que expressei meu interesse em reeditar os móveis. Ele se mostrou aberto à ideia e combinamos a retirada de um exemplar na sua casa. Depois, o levei para conhecer a fábrica da Mais Design, que edita a maioria das minhas peças, para que ele tivesse contato direto com o fabricante. Daí partimos para o desenvolvimento dos componentes.

Existem muitas modificações em relação aos modelos originais? Quais?

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Poucas. Nesse sentido, foi muito importante desmembrar cada componente dos móveis. Perceber, enfim, a função de cada um na resolução estrutural da peça e quanto eles eram essenciais. Os tensores posteriores, por exemplo, originalmente feitos com raios de bicicleta, evitam que o couro afunde muito com o peso do usuário. Apenas para facilitar a manutenção da poltrona, alteramos a forma de fixação do couro nas travessas de madeira. E, como variante da versão original de ferro pintado, propusemos uma de aço inox.

O professor aprovou o resultado final?

Penso que sim. Ele acompanhou todo o processo e, ao que parece, ficou bastante satisfeito.

Síntese moderna

Aos 80 anos, completados na última quarta-feira ? e desde sempre ligado à FAU-USP, onde se graduou em 1957 ?, não surpreende que para muitos ele seja conhecido apenas como ?professor Katinsky?. Mestre de várias gerações, como arquiteto atuou sobretudo no anos 70, voltando a produzir a partir de 1990. Reflexo de suas convicções modernistas, a cadeira e o banco agora reeditados, desenhados nos anos 5o, representam a síntese de sua produção como designer.

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