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Garoto de 9 anos se suicida após sofrer bullying na escola, diz mãe

James Myles se enforcou em seu quarto há uma semana e sua mãe critica a escola por não ter se esforçado para mudar a situação

Por Julie Turkewitz
Atualização:
Casos de suicídio entre jovens preocupa autoridades Foto: Pixabay

Jamel Myles, de nove anos, se suicidou na semana passada e ela ainda estava lutando para fazer o básico. Comer. Dormir. "Eu tomei um banho, mas eu coloco as mesmas roupas", disse ela, encarando o chão. "Eu preciso dele de volta".

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Jamel, um estudante da quarta série na Joe Shoemaker Elementary School em Denver, se enforcou em seu quarto no dia 23, de acordo com um laudo pericial, e sua morte mergulhou uma mãe em desespero e uma comunidade em descrença.

Pierce diz que seu filho cometeu suicídio após ele e sua irmã mais velha sofrerem bullying frequentemente na escola. No verão, ele disse a mãe que era gay. Agora, ela está brava com a escola, que ela acredita que deveria ter feito mais para parar os insultos.

Will Jones, um porta-voz das escolas públicas de Denver, disse que os administradores planejaram fazer uma análise do caso. "Nós estamos profundamente comprometidos com o bem estar dos nossos alunos", disse ele em um comunicado.

A morte de Jamel ocorre em meio a um aumento nos números de suicídios entre jovens, parte de uma crise de saúde pública maior que se desdobrou sobre uma geração: mesmo que o acesso ao tratamento de sáude mental tenha crescido, a taxa de suicídio nos Estados Unidos cresceu 25% desde 1999.

Alunos do ensino médio agora têm a mesma probabilidade de morrer de suicídio que de morrer em acidentes de trânsito. Equipes de escolas como a Joe Shoemaker tiveram de navegar em um novo cenário em que a crueldade pode ser transmitida por qualquer pessoa com idade suficiente para usar um smartphone.

Isso fez professores e administradores – já sobrecarregados – lidarem com responsabilidades maiores. Nos últimos anos, alguns pais começaram a processar escolas por causa de bullying, levantando questões sobre o qual é a responsabilidade que se deve esperar dos professores para parar esse comportamento.

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Na segunda-feira, 27, a escola Joe Shoemaker teve uma equipe de psicólogos e assistentes sociais para ajudar. Pierce, 31 anos, que trabalha em uma loja de hardware e criava três crianças – Jamel, Taniece, de 10 anos, e Shayla, de 14.

Jamel, que era obcecado por desenhos animados e computadores, acordava cedo todos os dias para arrumar seu cabelo cacheado, assim como suas irmãs mais velhas, sua mãe disse. No ano passado, Pierce disse que ela estava em contato frequente com a diretoria sobre problemas de comportamento e bullying.

Aquela quinta-feira, 23, foi o quarto dia de Jamel na quarta série. Pierce pegou ele na escola, eles pararam em um Starbucks e depois foram jantar em família. Em casa, Pierce mandou as crianças arrumarem seus quartos.

Jamel deixou sua porta entreaberta. Quando Pierce entrou, ela o encontrou morto. Ela tentou reanimação cardiopulmonar, ela disse, mas era tarde demais. Mais tarde, Taniece disse a ela que o bullying que ele tinha sofrido no ano passado continuou neste ano.

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Na segunda-feira, Pierce foi ver o corpo de seu filho pela última vez, ela contou, e ficou perto dele por duas horas enquanto ela assistia aos desenhos favoritos dele. Ela também cantou para ele. Na terça-feira, 28, na parte de fora da casa de tijolos à mostra da mãe onde ela está hospedada, Pierce ainda estava usando a mesma camiseta que vestia na última vez que abraçou Jamel.

Do outro lado da rua, uma mulher regava um gramado verde vibrante. "Nós precisamos ser mais amáveis, nos preocupar mais, aceitar mais uns aos outros", disse Pierce. "Meu coração se parte a cada segundo".

Taniece, agora a filha mais nova, diz que tem sonhado com o irmão. "Toda vez que eu acordo, eu vejo uma imagem de Jamel", disse ela. "E, bem, isso meio que me enlouquece. E me deixa um pouco preocupada. E eu sinto muita falta dele.

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Dentro de casa, Shayla, a mais velha, ficou em um sofá de couro marrom, assistindo televisão. A mãe de Pierce, Jacque Miller, de 53 anos, disse que ela não poderia culpar a escola pela morte de seu neto. "A afirmação de que é preciso uma aldeia para criar uma criança é verdade", ela disse. "E a aldeia está em ruínas".

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