Relatório revela que 70% do desmatamento na Amazônia ocorre para criação de gado

Documento da Sociedade Vegetariana Brasileira aponta que seria possível dobrar a oferta de alimentos sem animais

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Por Camila Tuchlinski
Atualização:
Parque Estadual Serra Ricardo Franco, no Mato Grosso, sofre com desmatamento e falta de regularização fundiária Foto: Ednilson Aguiar / Greenpeace

 

Sem a necessidade de criar animais, seria possível dobrar a quantidade de alimento disponível para consumo. É o que revela o relatório ‘Comendo o Planeta’, divulgado pela Sociedade Vegetariana Brasileira.  Segundo o documento, o aumento da oferta calória seria o suficiente para alimentar mais de 3,5 bilhões de pessoas. E isso em terras já existentes.  O conteúdo informa, também, que quase 70% da área desmatada na Amazônia é usada como pasto atualmente.

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Boa parte dos 30% restantes é ocupada pela produção de ração. Para obter o conteúdo completo do relatório, basta se cadastrar no link. “Alteramos florestas, savanas, solos, rios, oceanos e até a atmosfera do planeta. A cada minuto, perdemos mais de 200 mil metros quadrados de floresta. Nossos oceanos estão cada vez mais ácidos. A exploração da vida marinha ultrapassou os limites da sustentabilidade”, observa Cynthia Schuck, coordenadora do Departamento de Meio Ambiente da SVB.  Doutora em Biologia Evolutiva, Economia Experimental e Etologia Cognitiva pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, ela é uma das maiores especialistas do mundo em epidemiologia, saúde pública, cognição, ecologia, etologia, evolução e modelagem matemática aplicada a problemas biológicos. 

Veganismo: entenda mais sobre esse estilo de vida Em escala mundial, a produção de carnes traz um impacto significativo sobre as terras do planeta. Atualmente, quase 30% das áreas terrestres são usadas como pastagem – o equivalente ao continente africano inteiro. Além disso, cerca de um terço dos três bilhões de hectares de todas as terras aráveis, uma área maior do que a Austrália, são destinados ao cultivo de grãos para alimentar animais criados intensivamente ou mesmo em época de engorda para abate. Em outras palavras, usamos quase metade das terras não cobertas por gelo no planeta (75% das áreas agrícolas) para pastagem ou produção de ração. O setor agropecuário é responsável por 90% do consumo mundial de água – e pelo menos um terço é destinado à criação de animais. O tamanho do impacto fica mais evidente ao considerar o uso de água em cada processo produtivo por meio do cálculo da pegada hídrica, que considera o volume gasto para cada quilo de alimento produzido. Os dados compilados mostram que até mesmo as culturas como a laranja (1.850 litros) e o trigo (1.300 litros), que usam grandes volumes de água por quilo produzido, utilizam apenas cerca de 10% do volume aplicado na produção da carne bovina - que absorve 15,4 mil litros ao longo da produção. O tomate (210 litros), a batata (290 litros) e a banana (800 litros) são as culturas que menos utilizam água, por cada quilo produzido. “Ao substituir estes itens de origem animal pelas inúmeras alternativas vegetais de valor nutricional equivalente, você reduz o desperdício de água e proteínas vegetais, o desmatamento, a desertificação, a extinção de espécies, a destruição de habitats, a emissão de gases de efeito estufa e a poluição das águas e do solo. Ao mesmo tempo, poupa dezenas de animais de uma vida de sofrimento crônico”, acrescenta a Cynthia Schuck.VEJA TAMBÉM: Conheça personalidades que se tornaram veganas

Como substituir alimentos de origem animal?

 Para que essa alternativa seja viável para a maioria da população, a substituição de alimentos de origem animal por alternativas vegetais precisa ser acessível, conveniente, atrativa e ter ampla distribuição. Consumidores, governos e indústria podem, juntos, viabilizar essa mudança. No Brasil, a Sociedade Vegetariana Brasileira promove o Programa Segunda Sem Carne, que é atualmente o maior evento do mundo na promoção do veganismo, distribuindo mais de 80 milhões de refeições à base de vegetais em 2019 - um crescimento de 20% em relação ao ano anterior.

Origem da Sociedade Vegetariana Brasileira

Fundada em 2003, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é uma organização sem fins lucrativos que promove a alimentação vegetariana como uma escolha ética, saudável, sustentável e socialmente justa. Por meio de campanhas, programas, convênios, eventos, pesquisa e ativismo, a entidade realiza conscientização sobre os benefícios do vegetarianismo e trabalha para aumentar o acesso da população a produtos e serviços vegetarianos. Para mais informações, acesse o site ou o perfil da sociedade no Instagram, Facebook e Youtube.

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