"Nada existe de tão patético quanto um paradoxo bem estruturado" (Oscar Wilde)
Desde que os homens das cavernas rabiscaram os primeiros símbolos nas paredes, a humanidade percebeu a força da comunicação. E quando os riscos evoluíram para palavras mais complexas, como "Fogo!", "Eu queria muito te conhecer mais profundamente" ... e "Estamos em uma pandemia!", tornou-se evidente a necessidade de um guia. Assim nasceram os dicionários - uma notável coleção de palavras e definições, frequentemente ignoradas pelos indivíduos em favor do bom e velho achismo.
O Dicionário Castelo da Língua Portuguesa não está aqui para oferecer a típica definição seca e acadêmica. Em vez disso, deseja capturar a essência muitas vezes paradoxal da vida cotidiana através da lente da linguagem. Como disse Oscar Wilde:
"Nada existe de tão patético quanto um paradoxo bem estruturado. O trocadilho é o palhaço do humor, o paradoxo bem burilado é o seu artista perfeito, e a tragédia mais sombria é amiúde amenizada por um sutil veio cômico, assim como a comédia mais divertida sempre guarda alguns ecos trágicos. A nossa alma é feita de fases mutáveis, e as nossas fases são amiúde incongruentes. Tudo aquilo que é verdadeiro é incongruente".
Agora, avance com cautela, caro leitor, e conheça algumas dessas novas definições. É apenas um aperitivo. Mas, em breve, elas poderão até estar em um livro (só vai depender da vaquinha virtual). A vida, afinal, além de incongruente, é um grande jogo de palavras.
ARGENTINO. Pessoa que guarda dólares em casa.
CAPITALISMO. Sistema econômico que não existiria sem os drive-thru.
CIDADE. Lugar onde não se vive.
CREAM HACKER. Hacker que se acha a última bolacha do pacote.
ESTÁTUA GRECO-ROMANA. A prova de que esses povos já conheciam a talidomida.
FAMA. Filha da infâmia.
HUMORISTA. Pessoa cancelável.
IDOSO. Indivíduo com jato fraco.
INFLUENCER. Variante de influenza.
LEITERATURA. Ficção praticada por escritores abstêmios.
LOUCÚRIA. Governo da Igreja muito louco.
MARKETING POLÍTICO. A arte de transformar patifes em ídolos.
PARNASIANO. Poeta que não fica triste, fica melancólico.
SAUDOSISTA. Indivíduo que tem grandes planos para seu passado.
VIDA. Construção lenta e gradual de um cadáver.