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Opinião|Do "Dicionário Castelo da Língua Portuguesa"

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Atualização:

"Nada existe de tão patético quanto um paradoxo bem estruturado" (Oscar Wilde)

(Pixabay - OrnaW)  

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Desde que os homens das cavernas rabiscaram os primeiros símbolos nas paredes, a humanidade percebeu a força da comunicação. E quando os riscos evoluíram para palavras mais complexas, como "Fogo!", "Eu queria muito te conhecer mais profundamente" ... e "Estamos em uma pandemia!", tornou-se evidente a necessidade de um guia. Assim nasceram os dicionários - uma notável coleção de palavras e definições, frequentemente ignoradas pelos indivíduos em favor do bom e velho achismo.

O Dicionário Castelo da Língua Portuguesa não está aqui para oferecer a típica definição seca e acadêmica. Em vez disso, deseja capturar a essência muitas vezes paradoxal da vida cotidiana através da lente da linguagem. Como disse Oscar Wilde:

"Nada existe de tão patético quanto um paradoxo bem estruturado. O trocadilho é o palhaço do humor, o paradoxo bem burilado é o seu artista perfeito, e a tragédia mais sombria é amiúde amenizada por um sutil veio cômico, assim como a comédia mais divertida sempre guarda alguns ecos trágicos. A nossa alma é feita de fases mutáveis, e as nossas fases são amiúde incongruentes. Tudo aquilo que é verdadeiro é incongruente".

Agora, avance com cautela, caro leitor, e conheça algumas dessas novas definições. É apenas um aperitivo. Mas, em breve, elas poderão até estar em um livro (só vai depender da vaquinha virtual). A vida, afinal, além de incongruente, é um grande jogo de palavras.

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ARGENTINO. Pessoa que guarda dólares em casa.

CAPITALISMO. Sistema econômico que não existiria sem os drive-thru.

CIDADE. Lugar onde não se vive.

CREAM HACKER. Hacker que se acha a última bolacha do pacote.

ESTÁTUA GRECO-ROMANA. A prova de que esses povos já conheciam a talidomida.

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FAMA. Filha da infâmia.

HUMORISTA. Pessoa cancelável.

IDOSO. Indivíduo com jato fraco.

INFLUENCER. Variante de influenza.

LEITERATURA. Ficção praticada por escritores abstêmios.

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LOUCÚRIA. Governo da Igreja muito louco.

MARKETING POLÍTICO. A arte de transformar patifes em ídolos.

PARNASIANO. Poeta que não fica triste, fica melancólico.

SAUDOSISTA. Indivíduo que tem grandes planos para seu passado.

VIDA. Construção lenta e gradual de um cadáver.

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Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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