[tweetmeme] Os motoboys já foram descritos como um mal necessário. Se não me engano foi o Dimenstein que falou, num documentário muito interessante sobre esses profissionais, que as grandes cidades no Brasil vivem uma relação paradoxal com eles: não os toleram, mas não vivem sem seus serviços. Não se é tão necessário, pois qualquer viagem a outros países mostra que há vida sem motoboys, mas um estudo brasileiro publicado esse mês mostra que de fato é um mal. Ou no mínimo, um perigo.
Recrutando motoboys em um pronto-socorro, uma agência de motofrete e um estacionamento de motos, os pesquisadores de Porto Alegre (RS) examinaram 101 motoqueiros que toparam participar. Os resultados assustam: só 37 deles era legalizado na profissão; 60 trabalhavam 6 ou 7 dias na semana, e todos numa média de quase 10 horas por dia. O grande problema vem agora: 75% deles tinha histórico de ao menos um transtorno mental, e 54% de dois ou mais diagnósticos psiquiátricos. Os principais eram o uso de álcool e maconha, seguido de depressão, (43.6%, 39.6% e 31.7%). Mas o pior de tudo foram as prevalências de Transtorno de Déficit de Atenção (14,9%) e Transtorno de Personalidade Antissocial (13,9%) - nesses casos, verificou-se aumento significativo de risco de acidentes ou de violações de tráfico tráfego, respectivamente.
Ao fim e ao cabo, vê-se que ser motoboy é um risco para a saúde mental: ou faz as pessoas enlouquecerem, com perdão do trocadilho, ou então é um emprego que atrai pessoas com alta taxa de doença. Qualquer que seja a causa, esses resultados apontam para um problema de saúde pública que não pode mais ser ignorado pela sociedade.