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Atriz que fez vítima de estupro virtual em ‘Travessia’: “Não sabia que esse era o destino”

Danielle Olímpia reforça que sua personagem contribuiu para conscientização do tema e a importância do acolhimento da família

Por Larissa Santiago
Atualização:

Aos 25 anos, Danielle Olímpia estreou sua primeira novela - e com o pé direto na faixa das 21h, da TV Globo. A atriz, natural de São Paulo, deu vida a Karina, em Travessia, uma jovem viciada em redes sociais que acaba sendo enganada virtualmente por um pedófilo, papel de Claudio Tovar, acreditando ser a famosa Bruna Schuler, interpretada por Giullia Buscacio.

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Vítima de um estupro virtual na trama de Glória Perez, a paulistana contou que a preparação para a personagem surgiu com várias etapas e seguiu até o fim do folhetim, sendo a primeira a imersão em Vila Isabel, bairro do Rio de Janeiro, “para conhecer o sotaque carioca da gema”, o contato com profissionais da área da tecnologia e depois o conhecimento de história de pessoas que passaram por traumas e vivências como a de Karina.

Questionada se teve que realizar algum ritual para tirar o peso da história após a gravação das cenas, Danielle disse que sabia desde o início que a personagem passaria por uma situação de assédio, mas não que seria através de um pedófilo ou estupro virtual - sendo uma surpresa por meio dos capítulos que recebia.

Danielle Olímpia fala sobre preparação para Karina e fim de ‘Travessia’: ‘Aberta a novas histórias’ Foto: Caio Camilo

“Não acredito que teve de fato um ritual, mas foi um combinado de que sentiria as dores dela, de que iria estar totalmente cem por cento entregue a tudo que a personagem exigia dentro do Projac [Estúdios Globo]. Após atravessar a catraca, seria a Danielle, aquela que teria a visão de todas essas experiências que a Karina passou, mas de uma forma mais racional”, disse, ressaltando que sempre teve o apoio da família e dos amigos.

A atriz revelou também que “infelizmente já ouviu comentários indecentes sobre o seu corpo que a deixam constrangida” - e que se recorda de um episódio de assédio quando ainda era apenas uma criança.

“Estava voltando da escola, com meu uniforme escolar, quando ouvi dois homens sentados em um bar comentarem sobre quantas vezes me passariam no cartão de crédito. Me constrangi, me senti mal. O importante de comentar essa história que passou comigo é para enfatizar o quanto é importante as crianças terem um diálogo aberto com os pais e como é importante uma criança ter o conhecimento das diferentes formas de assédio. Após eu ter passado por isso, a primeira coisa que eu fiz foi contar para os meus pais”, revelou, reforçando a importância do acolhimento e instrução da família nesses casos.

Karina (Danielle Olímpia), uma adolescente que tinha o desejo de ser artista e acabou conhecendo através da internet um pedófilo (Claudio Tovar) Foto: Paulo Belote/TV Globo

“Sou muito grata por essa experiência”

Muito diferente da sua primeira atuação nas telas, quando interpretou Cacau, na série Sintonia, produção brasileira da Netflix, Danielle acredita que conseguiu amadurecer muito por conta da troca que teve com todo o elenco da novela - estando imersa no núcleo com personagens vividos por Nando Cunha, Flávia Reis, seus pais da trama, e Raul Gazolla, Orã Figueiredo, Lucy Alves e Rômulo Estrela.

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Sobre algum tipo de personagem que gostaria de fazer, a artista ressalta que deseja “contar histórias verdadeiras que emocionem e conscientizem”. “Não me prendo em uma situação. Acho que estou aberta a novas histórias lindas que precisam ser contadas”, disse.

Danielle Olímpia interpretou Cacau, na série 'Sintonia', produção brasileira da Netflix Foto: Caio Camilo

Para projetos futuros, no momento, ela pretende estudar, matar a saudades da família e descansar, até surgir algo novo.

Como denunciar um estupro virtual?

O estupro virtual é uma variação do crime de estupro, previsto no artigo 2013 do Código Penal. É o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. A pena varia de 6 a 10 anos de prisão.

Ela é agravada quando a vítima é adolescente e tem entre 14 e 18 anos (8 a 12 anos de prisão) ou quando é menor de idade, uma vez que há a prática de estupro de vulnerável (8 a 15 anos).

Caso você ou alguém que conheça esteja passando por isso, saiba que denúncia pode ser feita de forma anônima acionando a Polícia Militar (190), o Disque Direitos (100), a Central de Atendimento à Mulher (180) ou fazendo uma denúncia online, no aplicativo do Governo Federal ou pelo portal do Ministério das Mulheres.

É possível também fazer a denúncia registrando um BO em delegacias comuns ou especializadas em crimes cibernéticos e também registrando um boletim de ocorrência em uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher.

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